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08/11/2008 - 11h09

Contra crise, Lula pede a países ricos mais responsabilidade e transparência

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da Folha Online

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu na manhã deste sábado a reunião do G20 financeiro, que debate até amanhã, em São Paulo, alternativas para a crise financeira internacional --o Brasil é o atual presidente do grupo. Em seu discurso, Lula pediu uma "nova arquitetura financeira mundial" e defendeu mais espaço para os países em desenvolvimento nas decisões globais.

Ministros de Economia e presidentes de bancos centrais das grandes economias desenvolvidas e emergentes prepararam o diálogo para a primeira cúpula de chefes de Estado do G20 financeiro, convocada pelo presidente norte-americano, George W. Bush, para o dia 15 de novembro, em Washington.

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Lula pediu hoje aos países desenvolvidos mais responsabilidade e transparência em sua política financeira. "As políticas de cada país não podem transferir riscos injustos a outros países. Cada país deve assumir suas responsabilidades", disse Lula. Ele reconheceu que "nenhum país está a salvo da crise financeira".

Segundo Lula, o G7 (sete países mais ricos) não tem mais condições de liderar, sozinho, a economia mundial. É preciso integrar outras nações e reformular o funcionamento de organismos internacionais de regulação.

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Antes das reuniões do fim de semana, representantes do Brasil, Índia, China, África do Sul, México e Rússia --seis potências emergentes-- passaram o dia reunidos. Das discussões, segundo informou ontem o ministro da Fazenda, Guido Mantega, os emergentes --em especial os Brics (Brasil, Rússia, Índia e China)-- sinalizaram que querem mais espaço nos debates.

Joel Silva /Folha Imagem
Mantega afirmou que emergentes não querem participar do G7 ou do G8 só para tomar cafezinho
Mantega afirmou que não quer participar do G7 ou do G8 só para tomar cafezinho

"Nós, os países emergentes, os Brics, o G4, achamos que é preciso fazer uma reformulação do sistema financeiro mundial, que foi criado em Bretton Woods. Faltam regras mais sólidas apara impedir os abusos cometidos pelo setor financeiro, os 'hedge funds' e clubes de investimento, que não estavam sendo controlados. É preciso aumentar a regulamentação. É preciso que haja mais transparência, para que se saiba se eles estão ganhando, perdendo, se seus ativos são sadios ou não. Havia muitos ativos tóxicos que eram considerados bons", disse Mantega em entrevista coletiva.

Mantega disse ainda acreditar que os países emergentes não têm o espaço que deveriam nos organismos financeiros internacionais, entre eles o FMI (Fundo Monetário Internacional) e Banco Mundial.

Segundo ele, a atual divisão de poderes nesses órgãos refletem a economia das décadas de 1940 e 1950, quando Estados Unidos e Europa detinham a grande maioria do poderio financeiro. "Respondemos hoje por 75% do crescimento mundial e, mesmo assim, estamos em minoria", criticou. "Queremos uma maior participação."

Sobre o G7 (grupo dos sete países mais ricos do mundo), o ministro disse ser insuficiente para responder às demandas da crise. Por isso, defende uma função mais importante para o G20. Para isso, o G20 deve passar a ser integrado pelos chefes de Estado e que tenha um maior número de reuniões.

Entenda

O G20 se reúne todos os anos desde 1999. Neste ano, diante da conjuntura internacional, o foco é a crise financeira.

De acordo com o secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Marcos Galvão, ministros da Fazenda e presidentes de bancos centrais analisarão as causas da crise, seus reflexos na inflação, nos preços das commodities e nas oscilações cambiais e medidas adotadas para minimizar os impactos.

O G20 foi criado em 1999, na busca de respostas articuladas para a crise do final dos anos 90, que começou na Ásia e acabou atingindo o mundo todo. A idéia era estabelecer um grupo mais representativo de países para tratar fundamentalmente de estabilidade financeira e políticas para evitar novas crises. Com o passar dos anos, o grupo ampliou sua agenda.

Na presidência rotativa, o Brasil propôs três temas para 2008: competição nos mercados financeiros, energia limpa e desenvolvimento econômico e elementos fiscais de crescimento e desenvolvimento. Os assuntos foram debatidos em seminários realizados em fevereiro, na Indonésia, em maio, em Londres e em junho, em Buenos Aires.

A explosão da bolha imobiliária nos Estados Unidos e seu efeito dominó sobre o mercado financeiro internacional acabaram mudando o foco dos debates da reunião anual. A urgência do tema levou o ministro Guido Mantega a convocar, pela primeira vez desde a criação do grupo, uma reunião extraordinária em nível ministerial, realizada no dia 11 de outubro, em Washington, à margem da reunião anual do FMI e do Banco Mundial.

No comunicado final, o grupo comprometeu-se a "utilizar todos os instrumentos econômicos e financeiros para assegurar a estabilidade e o bom funcionamento dos mercados financeiros".

Participam do G20 ministros da Economia e presidentes de bancos centrais de 19 países: os oito países do G8 (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Reino Unido, Itália, Japão e Rússia) mais África do Sul, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, China, Coréia do Sul, Índia, Indonésia, México e Turquia. A União Européia também integra o grupo, representada pela presidência rotativa do Conselho Europeu e pelo Banco Central Europeu.

Juntos, os países membros representam cerca de 90% do produto nacional bruto mundial, 80% do comércio internacional e cerca de dois terços da população do planeta.

Com Agência Brasil

 

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