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14/02/2003
-
13h43
da Folha Online
O impacto negativo dos atentados terroristas nos EUA de 11 de setembro de 2002 no turismo mundial é insuficiente para explicar a quebra da Stella Barros, empresa tradicional do setor no Brasil. Erros de gestão, envolvendo contratos de vôos fretados e rede de franqueados, também motivaram a falência. A avaliação é da principal concorrente da companhia.
"Há mais de um ano, o mercado sabia do grande endividamento da Stella Barros. Não foi surpresa. Por questão de ética, ninguém comentava. A gota d' água ocorreu na semana do ataque terrorista, quando ela fretou um vôo em Nova York, pagou caro e não apareceram clientes para encher o avião", diz diretor da Tia Augusta, Luiz Felipe Fortunato, 35.
Segundo ele, a origem da crise do setor está em 1994, com a estréia do Plano Real, que criou a fórmula R$ 1 igual a US$ 1, barateando as viagens da classe média ao exterior.
"Havia uma euforia no mercado, que durou até a maxidesvalorização do real no início de 1999. Muita gente deu um passo maior que as pernas e quebrou", conta Fortunato ao lembrar do fechamento de operadoras como Dimensão, Mundirama, Ati, Sigma, Viagens Costa, Soletur e outras empresas menores.
Para o diretor da Tia Augusta, o modelo de megaoperadora de turismo, seguido pela Stella Barros, fracassou. A tendência no mercado é a exploração de nichos, ou seja, oferecer pacotes para públicos e áreas específicas (ecoturismo, viagens de aventura, negócios, crianças desacompanhadas dos país, casais e outros).
"Não dá mais para abarcar o mundo com as pernas. Os custos são muito elevados", diz Fortunato.
Ele explica que contratar vôos fretados em dólar é fatal, pois a operadora terá, "faça chuva ou faça sol", atingir um número muito alto de clientes para compensar as despesas com o fretamento.
"Preferimos fechar contratos que permitam um tempo para cancelar o vôo em caso de não reunir um número suficiente de pacotes vendidos", afirma o executivo.
A seu ver, a estratégia de criar uma rede de franqueados é negativa para o setor, pois gera conflitos de interesses entre as franquias e o restante do mercado.
"Nem sempre a franqueadora oferece todos os pacotes pedidos pelos franqueados, que acabam perdendo o cliente ou buscando em outras empresas", diz Fortunato.
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Erros de gestão explicam quebra da Stella Barros, diz concorrente
SÉRGIO RIPARDOda Folha Online
O impacto negativo dos atentados terroristas nos EUA de 11 de setembro de 2002 no turismo mundial é insuficiente para explicar a quebra da Stella Barros, empresa tradicional do setor no Brasil. Erros de gestão, envolvendo contratos de vôos fretados e rede de franqueados, também motivaram a falência. A avaliação é da principal concorrente da companhia.
"Há mais de um ano, o mercado sabia do grande endividamento da Stella Barros. Não foi surpresa. Por questão de ética, ninguém comentava. A gota d' água ocorreu na semana do ataque terrorista, quando ela fretou um vôo em Nova York, pagou caro e não apareceram clientes para encher o avião", diz diretor da Tia Augusta, Luiz Felipe Fortunato, 35.
Segundo ele, a origem da crise do setor está em 1994, com a estréia do Plano Real, que criou a fórmula R$ 1 igual a US$ 1, barateando as viagens da classe média ao exterior.
"Havia uma euforia no mercado, que durou até a maxidesvalorização do real no início de 1999. Muita gente deu um passo maior que as pernas e quebrou", conta Fortunato ao lembrar do fechamento de operadoras como Dimensão, Mundirama, Ati, Sigma, Viagens Costa, Soletur e outras empresas menores.
Para o diretor da Tia Augusta, o modelo de megaoperadora de turismo, seguido pela Stella Barros, fracassou. A tendência no mercado é a exploração de nichos, ou seja, oferecer pacotes para públicos e áreas específicas (ecoturismo, viagens de aventura, negócios, crianças desacompanhadas dos país, casais e outros).
"Não dá mais para abarcar o mundo com as pernas. Os custos são muito elevados", diz Fortunato.
Ele explica que contratar vôos fretados em dólar é fatal, pois a operadora terá, "faça chuva ou faça sol", atingir um número muito alto de clientes para compensar as despesas com o fretamento.
"Preferimos fechar contratos que permitam um tempo para cancelar o vôo em caso de não reunir um número suficiente de pacotes vendidos", afirma o executivo.
A seu ver, a estratégia de criar uma rede de franqueados é negativa para o setor, pois gera conflitos de interesses entre as franquias e o restante do mercado.
"Nem sempre a franqueadora oferece todos os pacotes pedidos pelos franqueados, que acabam perdendo o cliente ou buscando em outras empresas", diz Fortunato.
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