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27/07/2003 - 00h20

Donas-de-casa reciclam sabonete e espremem pasta para economizar

SÉRGIO RIPARDO
da Folha Online

O consumo brasileiro de sabonete caiu 8% no primeiro semestre deste ano, em relação a igual intervalo de 2002, segundo a Abihpec (associação nacional dos fabricantes do setor de higiene).

Em Porto Alegre (RS), a vice-presidente do Movimento das Donas-de-Casa, a esteticista Marli Giglio, 51, diz que reciclar produtos é uma saída "em tempos de vacas magras".

"Estamos dando cursos: você junta os restos do sabonete, desmancha os pedacinhos dentro de uma panela em banho-maria. Depois coloca em forminhas e está pronto. Mas o novo produto só deve ser usado por quem usou o pedaço antigo", conta a esteticista, que também costuma espremer o tubo do creme dental, enrolando a embalagem até o fim.

Em São Paulo, a vencedora do programa "No Limite", da TV Globo, a cabeleireira Elaine Cristina, 37, revela que, antes, usava e abusava dos xampus importados. Ela costuma lavar os cabelos todos os dias "por causa da poluição" da capital.

"Agora, só uso o importado uma ou duas vezes por semana. Comprei um similar nacional, mais barato. Infelizmente, ele hidrata menos o cabelo. O importado é melhor", diz Elaine, que comprou dois apartamentos com o prêmio do reality show (R$ 300 mil) e chegou a lançar um livro de auto-ajuda, cujas vendas a decepcionaram.

Em Salvador (BA), reduzir o número de faxinas foi um das soluções encontradas pela presidente do Movimento das Donas-de-Casa, a professora Selma Magnavita, 63, para equilibrar seu orçamento com a limpeza da casa.

"Já tive empregada, mas dispensei. Algumas domésticas não querem saber e desperdiçam o sabão e o detergente. O ideal é lavar o chão e molhar o jardim com a água da lavagem de roupa."

Ela afirma ainda que usar buchas vegetais é mais econômico do que as esponjas sintéticas.

Em Belo Horizonte (MG), a presidente do Movimento das Donas-de-Casa, a professora Mária do Céu Kupidlowski, 70, confessa que cometeu "um pecado" recentemente.

"Comprei uma colônia importada, mais cara do que a da Água de Cheiro, nossa indústria aqui de Minas, que adoro porque gera emprego na nossa terra."

Ela diz que também evita levar o neto ao supermercado, porque não resiste aos apelos da criança por escovas, pastas de dente e outros produtos com a estampa de personagens de desenho animado.

No Rio, o presidente da Acadec (Associação Carioca de Defesa do Consumidor), Octávio Leite, conta que nem sempre o produto mais barato é o que rende mais.

"Experimentei um detergente popular. Mas não compensou, porque acabava logo. Voltei para a marca tradicional, apesar de pagar mais, mas rende mais."

Em Brasília, o presidente do Ibedec (Instituto Brasileiro de Estudo e Defesa das Relações de Consumo), Rodrigo Daniel dos Santos, acha que os custos elevados de obter crédito nos bancos também explicam a queda do consumo dos itens de higiene.

"As grandes redes de varejo deixaram de parcelar em dez vezes. Limitam a três prestações. Isso leva o consumidor endividado a comprometer mais seu salário com um crediário. Acaba cortando nas despesas com produtos essenciais."

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  • Visite o site da associação da indústria de higiene
  • Visite o site da associação de consumidores do Rio
  • Visite o site das donas-de-casa do RS
  • Visite o site das donas-de-casa de MG
  • Visite o site do instituto de estudo das relações de consumo

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