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22/05/2003 - 00h13

Ricardo Teixeira utiliza José Sarney como exemplo

da Folha de S.Paulo

Os principais cartolas do futebol brasileiro cogitaram levar os principais jogadores do país para uma passeata em frente ao Palácio do Planalto, em Brasília, para pressionar o governo federal a rever pontos do Estatuto do Torcedor. A maioria dos presidentes de clubes defendia não a paralisação total do torneio, mas a realização dos jogos com portões fechados.

Ricardo Teixeira disse que não queria ser comparado no futebol com o petista João Batista Oliveira de Araújo, o Babá (PT-PA), mas com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Baseado nisso, o presidente da CBF a tentativa de uma saída negociada com o governo. Foi este o motivo pelo qual o dirigente se recusou a oficializar a paralisação, seja por meio de nota ou de entrevista.

Um advogado da CBF foi avisado de que, logo após a reunião de hoje com o ministro Agnelo Queiroz (Esporte), poderia ser instruído a procurar um partido político para entrar no Supremo Tribunal Federal com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade.

O corintiano Alberto Dualib não foi ao Rio, mas foi contatado pelo menos uma vez por celular.

Esses foram alguns dos relatos feitos à reportagem por pessoas que participaram do encontro no salão nobre de reuniões da CBF, ontem, das 16h30 às 19h.

A pauta inicialmente alardeada dava conta de que o encontro que definiria vagas na Copa Sul-Americana e na Libertadores de 2004. Mas desde a véspera pelo menos três dos integrantes mais importantes da reunião sabiam que seria discutido o motim contra pontos do Estatuto do Torcedor.

Teixeira primeiro ouviu as ponderações dos clubes, feitas especialmente por Eurico Miranda (Vasco) e Mario Celso Petraglia (Atlético-PR).

Eduardo Viana, o Caixa D´Água (Federação do Rio), defendia a manutenção dos jogos, mas sem público. Foi apoiado por alguns dos cartolas.

O presidente da CBF posicionou-se contra. Disse que seria uma afronta ao governo. Propôs-se, então, a paralisação para forçar o Planalto a negociar.

Para os presentes, a suspensão do Brasileiro, amplificada pela presença de repórteres da TV Globo no saguão (o que significaria a entrada ao vivo no "Jornal Nacional") faria o governo ouvir a proposta dos cartolas, de só levar a lei a cabo em 2004.

A aposta era de que a repercussão seria tamanha que o governo seria obrigado a sentar para conversar e voltar atrás em alguns pontos polêmicos da lei.

Discutiu-se também o cancelamento dos jogos de ida das semifinais da Copa do Brasil, que aconteceriam ontem à noite. Desta vez, a Globo foi contra. Disse que sua grade já estava feita. Ponderou-se também que alguns ingressos já tinham sido vendidos, o que poderia dar margem para mais confusões no tribunal.

Teixeira disse que não queria afrontar o governo. "Não quero ser radical. Não quero ser o Babá dos cartolas. Quero assumir um papel como o de Tancredo Neves, o de José Sarney."

Na saída, ficou combinado que só os dirigentes de clubes falariam. Eurico Miranda foi um dos escalados para dar entrevista à Globo para dar a versão dos cartolas. Dirigentes da CBF não se pronunciariam, até para não serem obrigados a oficializar a decisão.

Na avaliação da entidade, a paralisação não sairia do papel. Tinha-se a certeza de haveria uma "solução negociada", como a edição de uma medida provisória para postergar a vigência da lei. No Clube dos 13, trabalhou-se durante toda a tarde como se a rodada do fim de semana estivesse mantida. A Globo também apostava em um acordo de cavalheiros.

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