Publicidade
Publicidade
22/05/2003
-
02h04
MARCOS CÔRTES
da Folha de S.Paulo
O governo Lula disse que não cederia à ameaça dos clubes de paralisar o Brasileiro, passou seis horas negociando com cartolas uma revisão no Estatuto do Torcedor e, às 22h30 de ontem, acertou um acordo que simboliza um recuo diante da posição inicial.
Com isso, o campeonato não será paralisado -a rodada do fim de semana está garantida.
Depois de um ano de debate público com dirigentes de clubes, análise pela Câmara e no Senado e sanção do presidente da República, o governo chegou, por pressão do establishment da bola, à conclusão que dois artigos (19 e 37) da lei, sancionada na semana passada por Lula, possuem mais de uma interpretação.
O artigo 19 diz que as entidades e dirigentes que organizam competições são responsáveis por prejuízo causados ao torcedor "independentemente de culpa". O 37 afirma que a instauração de processo por descumprimento da lei acarretará afastamento compulsório dos dirigentes e demais pessoas que, direta ou indiretamente, puderem interferir na elucidação dos fatos.
Ao fim de uma reunião no gabinete do ministro do Esporte, Agnelo Queiroz, os clubes e a CBF tiveram a promessa de que os dois itens mais lhe incomodavam no texto serão "reinterpretados".
A solução encontrada por Queiroz foi pedir um parecer da Advocacia Geral da União com caráter normativo -ou seja, o texto da lei não será mudado, mas a interpretação da AGU servirá de norma para a administração federal.
A assessoria jurídica do Ministério do Esporte fez seu próprio parecer, redigido pelo advogado Francisco Guimarães, e o encaminhou, ontem à noite mesmo, à AGU. A tendência é que o órgão reproduza o que sugeriu a pasta.
Assim, sobre o artigo 19, a instrução normativa irá esclarecer que os dirigentes e entidades só serão responsabilizados "diante de comprovada imprudência quanto às exigências de segurança estabelecidas para garantir os direitos constitucionais assegurados indistintamente a todos".
O 37 é mais complicado. A reportagem apurou que o governo não está disposto a mudar o teor do artigo. Para fechar o acordo, o incluiu no pacote, mas deverá somente maquiar a redação.
O governo descartou a possibilidade de editar uma Medida Provisória, especialmente por causa da repercussão negativa da MP que editou para viabilizar o GP Brasil de F-1.
Apesar de demandas operacionais para a realização dos jogos do fim de semana, não há previsão para emissão do parecer.
Ao fim da reunião o presidente do Clube dos 13, Fábio Koff, afirmou que só haverá campeonato neste ano se o parecer da AGU estiver em consonância com o entendimento dos cartolas.
Recuo
O recuo do governo se deu em poucas horas. Ontem mesmo, Queiroz ameaçava punir dirigentes com afastamento do futebol por até dez anos, e Aldo Rebelo (PCdoB-SP), líder do governo na Câmara, acusava a CBF de organizar e liderar a resistência.
Após reunião de cerca de duas horas com parlamentares e cartolas na Câmara, o deputado Gilmar Machado (PT-MG) apresentou ao ministro duas propostas: a edição de uma Medida Provisória sustando os efeitos do estatuto para este ano e um termo de ajuste de conduta. O termo seria uma espécie de ajuste fino, em que dirigentes e governo firmariam entendimento sobre pontos específicos do estatuto.
Segundo Machado, o documento da AGU vai servir apenas para "oficializar" o acordo.
Leia mais
Governo cede a cartolas e vai atenuar a lei do torcedor
CBF diz que não pára o Campeonato o Brasileiro em respeito ao torcedor
Pela lei, Ricardo Teixeira já poderia ter sido punido
Na Europa, leis que protegem torcedores não são novidade
CBF afirma que sofreu pressão da Fifa
Especial
Campeonato Brasileiro
Governo cede a cartolas e vai atenuar a lei do torcedor
FABIO VICTORMARCOS CÔRTES
da Folha de S.Paulo
O governo Lula disse que não cederia à ameaça dos clubes de paralisar o Brasileiro, passou seis horas negociando com cartolas uma revisão no Estatuto do Torcedor e, às 22h30 de ontem, acertou um acordo que simboliza um recuo diante da posição inicial.
Com isso, o campeonato não será paralisado -a rodada do fim de semana está garantida.
Depois de um ano de debate público com dirigentes de clubes, análise pela Câmara e no Senado e sanção do presidente da República, o governo chegou, por pressão do establishment da bola, à conclusão que dois artigos (19 e 37) da lei, sancionada na semana passada por Lula, possuem mais de uma interpretação.
O artigo 19 diz que as entidades e dirigentes que organizam competições são responsáveis por prejuízo causados ao torcedor "independentemente de culpa". O 37 afirma que a instauração de processo por descumprimento da lei acarretará afastamento compulsório dos dirigentes e demais pessoas que, direta ou indiretamente, puderem interferir na elucidação dos fatos.
Ao fim de uma reunião no gabinete do ministro do Esporte, Agnelo Queiroz, os clubes e a CBF tiveram a promessa de que os dois itens mais lhe incomodavam no texto serão "reinterpretados".
A solução encontrada por Queiroz foi pedir um parecer da Advocacia Geral da União com caráter normativo -ou seja, o texto da lei não será mudado, mas a interpretação da AGU servirá de norma para a administração federal.
A assessoria jurídica do Ministério do Esporte fez seu próprio parecer, redigido pelo advogado Francisco Guimarães, e o encaminhou, ontem à noite mesmo, à AGU. A tendência é que o órgão reproduza o que sugeriu a pasta.
Assim, sobre o artigo 19, a instrução normativa irá esclarecer que os dirigentes e entidades só serão responsabilizados "diante de comprovada imprudência quanto às exigências de segurança estabelecidas para garantir os direitos constitucionais assegurados indistintamente a todos".
O 37 é mais complicado. A reportagem apurou que o governo não está disposto a mudar o teor do artigo. Para fechar o acordo, o incluiu no pacote, mas deverá somente maquiar a redação.
O governo descartou a possibilidade de editar uma Medida Provisória, especialmente por causa da repercussão negativa da MP que editou para viabilizar o GP Brasil de F-1.
Apesar de demandas operacionais para a realização dos jogos do fim de semana, não há previsão para emissão do parecer.
Ao fim da reunião o presidente do Clube dos 13, Fábio Koff, afirmou que só haverá campeonato neste ano se o parecer da AGU estiver em consonância com o entendimento dos cartolas.
Recuo
O recuo do governo se deu em poucas horas. Ontem mesmo, Queiroz ameaçava punir dirigentes com afastamento do futebol por até dez anos, e Aldo Rebelo (PCdoB-SP), líder do governo na Câmara, acusava a CBF de organizar e liderar a resistência.
Após reunião de cerca de duas horas com parlamentares e cartolas na Câmara, o deputado Gilmar Machado (PT-MG) apresentou ao ministro duas propostas: a edição de uma Medida Provisória sustando os efeitos do estatuto para este ano e um termo de ajuste de conduta. O termo seria uma espécie de ajuste fino, em que dirigentes e governo firmariam entendimento sobre pontos específicos do estatuto.
Segundo Machado, o documento da AGU vai servir apenas para "oficializar" o acordo.
Leia mais
Especial
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Guga perde processo milionário no Carf e diz que decisão é 'lamentável'
- Super Bowl tem avalanche de recordes em 2017; veja os principais
- Brady lidera maior virada da história do Super Bowl e leva Patriots à 5ª taça
- CBF quer testar uso de árbitro de vídeo no Brasileiro deste ano
- Fifa estuda usar recurso de imagem para árbitros na Copa do Mundo-18
+ Comentadas