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06/04/2007
-
08h48
da Folha Online
Após o fim de um impasse de 13 dias com o Irã, que terminou ontem com a chegada a Londres dos 15 militares britânicos que foram capturados pelo governo iraniano no dia 23 de março, o Reino Unido anunciou nesta sexta-feira a suspensão de todas as operações e patrulhamentos no golfo Pérsico. Os militares foram detidos no golfo acusados de invadirem ilegalmente águas territoriais iranianas, o que o Reino Unido nega.
O chefe de pessoal da Marinha britânica, almirante Jonathon Band, afirmou nesta sexta-feira que as operações estão suspensas até que seja esclarecido o episódio da captura dos 15 marinheiros e fuzileiros navais pelo Irã. "No momento estamos com as operações e patrulhamentos suspensos. Obviamente faremos uma revisão completa", disse Band.
Os militares foram levados ontem para uma base militar no sudoeste da Inglaterra após aterrissarem no aeroporto de Heathrow e continuam prestando informações a seus superiores sobre os acontecimentos dos últimos 13 dias. Enquanto parte do Reino Unido celebrou o retorno dos britânicos, as críticas aumentaram hoje a respeito da cooperação do grupo com os iranianos.
Durante a detenção, o Irã divulgou vídeos, fotografias e cartas nas quais os britânicos assumiram a violação das águas iranianas e pediram desculpas ao governo iraniano, além de agradecerem o tratamento dispensado a eles no país.
Band, no entanto, defendeu o comportamento dos militares e afirmou que provavelmente a cooperação foi obtida sob "certa quantidade de pressão psicológica". "Eles se comportaram bem e não colocaram ninguém em perigo. O grupo agiu com dignidade considerável e muita coragem", afirmou.
Primeiras palavras
Em um comunicado divulgado várias horas após seu retorno, os 15 militares disseram que sua chegada a Heathrow foi "um sonho tornado realidade" e que eles não se esqueceriam da recepção que tiveram.
"As últimas duas semanas foram muito difíceis, mas permanecendo juntos como um time nós pudemos nos manter confiantes", disse o grupo no comunicado, que foi lido por um porta-voz da Marinha.
O Reino Unido manteve hoje a versão de que os militares estavam realizando operações de rotina em águas iraquianas quando foram detidos pelo Irã. Ontem foi divulgado pelo canal de TV Sky News que o grupo britânico estava no golfo Pérsico realizando operações de espionagem, o que não foi confirmado oficialmente até agora.
A Sky News afirma ter entrevistado o capitão Chris Air, responsável pelos 15 militares, no dia 13 de março. Segundo o canal, a entrevista não foi levada ao ar para não pôr em perigo a segurança do grupo, detido dez dias depois.
"Basicamente, falamos com a tripulação [dos navios inspecionados], averiguamos se há problemas, afirmamos que estamos aqui para protegê-los, para evitar o terrorismo e a pirataria na região", disse Air sobre as operações no golfo.
"Em segundo lugar, tenta-se obter informação de inteligência: se eles [os navios inspecionados] dispõem de informação, já que passam dias aqui, para poder compartilhá-la conosco", acrescentou.
O secretário de Defesa britânico, Des Browne, afirmou que a tripulação fragata HMS Cornwall, da qual fazia parte o grupo, agiu corretamente ao tentar se inteirar de tudo que acontecia na área. "O mandato da ONU concedeu claramente poderes aos efetivos que faziam parte da força para reunir informações sobre a zona em que estavam se movendo", afirma Browne à Sky News.
Chegada
Os 15 militares britânicos libertados pelo Irã chegaram a Londres na manhã nesta quinta-feira. O grupo ficou detido no país persa durante 13 dias e recebeu uma surpreendente "anistia" do presidente iraniano em uma cerimônia na última quarta-feira, após uma escalada na tensão entre o Irã e o Reino Unido que levou ao corte de relações entre os dois países.
Mesmo após a libertação, os questionamentos sobre a surpreendente libertação do grupo pelo presidente iraniano ontem continuam sem resposta.
Enquanto o Irã afirma que seus "objetivos foram alcançados" e que o premiê britânico, Tony Blair, enviou uma carta de desculpas ao governo persa antes da libertação, o governo em Londres reafirmou ontem que não houve nenhum tipo de negociação prévia para o fim do impasse.
O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, exigiu em várias ocasiões durante os 13 dias de impasse que o Reino Unido admitisse a violação de suas águas, o que Blair --ao menos oficialmente-- se recusou a fazer. A libertação de quarta-feira foi uma surpresa para os britânicos, que haviam afirmado apenas um dia antes que não esperavam uma solução rápida para a crise.
Em Londres, Blair afirmou categoricamente ontem que não houve negociação para a libertação do grupo. "Eles foram libertados sem acordo, sem negociação alguma, sem nenhum convênio de nenhuma natureza", disse o premiê. "Quero ser muito, muito claro: sem transação, sem negociação", insistiu.
Ele também expressou sua satisfação com a "abertura de novas vias de comunicação com o regime iraniano".
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Ahmadinejad anunciou a "anistia" de seu país aos britânicos em uma entrevista coletiva realizada na última quarta-feira. "Os 15 marinheiros receberam nosso perdão, e oferecemos sua liberdade como um presente ao povo britânico", disse.
Após anunciar oficialmente a libertação, o presidente iraniano reuniu-se com o grupo no palácio presidencial. Imagens exibidas pela TV estatal iraniana mostraram Ahmadinejad cumprimentando os militares e conversando com o grupo com a ajuda de intérpretes. Na gravação, é possível ouvir um dos 15 militares dizer em inglês ao presidente: "Estamos gratos pelo seu perdão".
Durante a entrevista coletiva, Ahmadinejad deu medalhas de condecoração aos guardas da costa iraniana que interceptaram a embarcação britânica, reiterando que os militares estavam em águas territoriais do Irã no momento em que foram capturados.
"Em nome do grande povo iraniano, quero agradecer à Guarda Costeira, que corajosamente defendeu nossas águas territoriais e deteve aqueles que violaram nossa fronteira", disse o líder do Irã. Em seguida, interrompeu o discurso e deu medalhas a três guardas.
Ahmadinejad criticou o destacamento da marinheira Faye Turney, 26, a única mulher do grupo, lembrando que ela é mãe de crianças pequenas. "Como se justifica que uma mãe fique fora de casa, longe de seus filhos? Não se respeita os valores familiares no Ocidente?".
Irã e Reino Unido viveram um incidente similar em 2004, quando o regime de Teerã manteve detidos durante três dias oito militares britânicos acusados de entrarem de forma ilegal em águas territoriais do Irã no golfo Pérsico. Na época, o Reino Unido também negou a invasão.
Desta vez, a tensão teve início na mesma semana em que o Conselho de Segurança da ONU aprovou novas sanções contra Teerã por sua insistência em manter seu programa nuclear.
Com agências internacionais
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Após o fim de um impasse de 13 dias com o Irã, que terminou ontem com a chegada a Londres dos 15 militares britânicos que foram capturados pelo governo iraniano no dia 23 de março, o Reino Unido anunciou nesta sexta-feira a suspensão de todas as operações e patrulhamentos no golfo Pérsico. Os militares foram detidos no golfo acusados de invadirem ilegalmente águas territoriais iranianas, o que o Reino Unido nega.
Reuters |
Britânicos libertados pelo Irã chegam ao aeroporto de Heathrow, no Reino Unido |
Os militares foram levados ontem para uma base militar no sudoeste da Inglaterra após aterrissarem no aeroporto de Heathrow e continuam prestando informações a seus superiores sobre os acontecimentos dos últimos 13 dias. Enquanto parte do Reino Unido celebrou o retorno dos britânicos, as críticas aumentaram hoje a respeito da cooperação do grupo com os iranianos.
Durante a detenção, o Irã divulgou vídeos, fotografias e cartas nas quais os britânicos assumiram a violação das águas iranianas e pediram desculpas ao governo iraniano, além de agradecerem o tratamento dispensado a eles no país.
Band, no entanto, defendeu o comportamento dos militares e afirmou que provavelmente a cooperação foi obtida sob "certa quantidade de pressão psicológica". "Eles se comportaram bem e não colocaram ninguém em perigo. O grupo agiu com dignidade considerável e muita coragem", afirmou.
Primeiras palavras
Em um comunicado divulgado várias horas após seu retorno, os 15 militares disseram que sua chegada a Heathrow foi "um sonho tornado realidade" e que eles não se esqueceriam da recepção que tiveram.
"As últimas duas semanas foram muito difíceis, mas permanecendo juntos como um time nós pudemos nos manter confiantes", disse o grupo no comunicado, que foi lido por um porta-voz da Marinha.
O Reino Unido manteve hoje a versão de que os militares estavam realizando operações de rotina em águas iraquianas quando foram detidos pelo Irã. Ontem foi divulgado pelo canal de TV Sky News que o grupo britânico estava no golfo Pérsico realizando operações de espionagem, o que não foi confirmado oficialmente até agora.
A Sky News afirma ter entrevistado o capitão Chris Air, responsável pelos 15 militares, no dia 13 de março. Segundo o canal, a entrevista não foi levada ao ar para não pôr em perigo a segurança do grupo, detido dez dias depois.
"Basicamente, falamos com a tripulação [dos navios inspecionados], averiguamos se há problemas, afirmamos que estamos aqui para protegê-los, para evitar o terrorismo e a pirataria na região", disse Air sobre as operações no golfo.
"Em segundo lugar, tenta-se obter informação de inteligência: se eles [os navios inspecionados] dispõem de informação, já que passam dias aqui, para poder compartilhá-la conosco", acrescentou.
O secretário de Defesa britânico, Des Browne, afirmou que a tripulação fragata HMS Cornwall, da qual fazia parte o grupo, agiu corretamente ao tentar se inteirar de tudo que acontecia na área. "O mandato da ONU concedeu claramente poderes aos efetivos que faziam parte da força para reunir informações sobre a zona em que estavam se movendo", afirma Browne à Sky News.
Chegada
Os 15 militares britânicos libertados pelo Irã chegaram a Londres na manhã nesta quinta-feira. O grupo ficou detido no país persa durante 13 dias e recebeu uma surpreendente "anistia" do presidente iraniano em uma cerimônia na última quarta-feira, após uma escalada na tensão entre o Irã e o Reino Unido que levou ao corte de relações entre os dois países.
Mesmo após a libertação, os questionamentos sobre a surpreendente libertação do grupo pelo presidente iraniano ontem continuam sem resposta.
Enquanto o Irã afirma que seus "objetivos foram alcançados" e que o premiê britânico, Tony Blair, enviou uma carta de desculpas ao governo persa antes da libertação, o governo em Londres reafirmou ontem que não houve nenhum tipo de negociação prévia para o fim do impasse.
O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, exigiu em várias ocasiões durante os 13 dias de impasse que o Reino Unido admitisse a violação de suas águas, o que Blair --ao menos oficialmente-- se recusou a fazer. A libertação de quarta-feira foi uma surpresa para os britânicos, que haviam afirmado apenas um dia antes que não esperavam uma solução rápida para a crise.
Em Londres, Blair afirmou categoricamente ontem que não houve negociação para a libertação do grupo. "Eles foram libertados sem acordo, sem negociação alguma, sem nenhum convênio de nenhuma natureza", disse o premiê. "Quero ser muito, muito claro: sem transação, sem negociação", insistiu.
Ele também expressou sua satisfação com a "abertura de novas vias de comunicação com o regime iraniano".
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Ahmadinejad anunciou a "anistia" de seu país aos britânicos em uma entrevista coletiva realizada na última quarta-feira. "Os 15 marinheiros receberam nosso perdão, e oferecemos sua liberdade como um presente ao povo britânico", disse.
Após anunciar oficialmente a libertação, o presidente iraniano reuniu-se com o grupo no palácio presidencial. Imagens exibidas pela TV estatal iraniana mostraram Ahmadinejad cumprimentando os militares e conversando com o grupo com a ajuda de intérpretes. Na gravação, é possível ouvir um dos 15 militares dizer em inglês ao presidente: "Estamos gratos pelo seu perdão".
Durante a entrevista coletiva, Ahmadinejad deu medalhas de condecoração aos guardas da costa iraniana que interceptaram a embarcação britânica, reiterando que os militares estavam em águas territoriais do Irã no momento em que foram capturados.
"Em nome do grande povo iraniano, quero agradecer à Guarda Costeira, que corajosamente defendeu nossas águas territoriais e deteve aqueles que violaram nossa fronteira", disse o líder do Irã. Em seguida, interrompeu o discurso e deu medalhas a três guardas.
Ahmadinejad criticou o destacamento da marinheira Faye Turney, 26, a única mulher do grupo, lembrando que ela é mãe de crianças pequenas. "Como se justifica que uma mãe fique fora de casa, longe de seus filhos? Não se respeita os valores familiares no Ocidente?".
Irã e Reino Unido viveram um incidente similar em 2004, quando o regime de Teerã manteve detidos durante três dias oito militares britânicos acusados de entrarem de forma ilegal em águas territoriais do Irã no golfo Pérsico. Na época, o Reino Unido também negou a invasão.
Desta vez, a tensão teve início na mesma semana em que o Conselho de Segurança da ONU aprovou novas sanções contra Teerã por sua insistência em manter seu programa nuclear.
Com agências internacionais
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