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04/04/2007 - 12h06

Após libertação, líder do Irã se reúne com militares britânicos

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da Folha Online

Após anunciar a libertação dos 15 militares britânicos que estavam detidos por forças iranianas havia 12 dias, o líder do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, reuniu-se com o grupo no palácio presidencial nesta quarta-feira, segundo imagens exibidas pela TV estatal do Irã.

As imagens mostram Ahmadinejad cumprimentando os militares, sorrindo e conversando com o grupo com a ajuda de intérpretes. Na gravação, é possível ouvir um dos 15 militares dizer em inglês ao presidente: "Estamos gratos pelo seu perdão".

Reuters
Mahmoud Ahmadinejad conversa com grupo de militares britânicos após anunciar libertação
Mahmoud Ahmadinejad conversa com grupo de militares britânicos após anunciar libertação
De acordo com a TV iraniana, o grupo de britânicos deve deixar o Irã de avião nesta quinta-feira. No entanto, Ahmadinejad afirmou anteriormente que eles seguiriam para o aeroporto ainda hoje. Fontes diplomáticas iranianas em Londres, por sua vez, disseram que os 15 militares serão entregues à Embaixada do Reino Unido em Teerã.

O líder do Irã anunciou a "anistia" de seu país aos militares britânicos em uma coletiva de imprensa realizada anteriormente nesta quarta-feira. "Os 15 marinheiros receberam nosso perdão, e oferecemos sua liberdade como um presente ao povo britânico", disse.

Durante a coletiva, Ahmadinejad deu medalhas de condecoração aos guardas da costa iraniana que interceptaram a embarcação britânica, reiterando que os militares estavam em águas territoriais do Irã no momento em que foram capturados.

"Em nome do grande povo iraniano, quero agradecer à Guarda Costeira, que corajosamente defendeu nossas águas territoriais e deteve aqueles que violaram nossa fronteira", disse o líder do Irã. Em seguida, interrompeu o discurso e der medalhas a três guardas.

O Irã acusa o grupo de marinheiros e marines britânicos de invadir suas águas. O Reino Unido nega, dizendo que os militares faziam uma inspeção de rotina em águas iraquianas na região do canal de Shatt al Arab quando foram capturados.

Ele criticou o destacamento da marinheira Faye Turney, 26, a única mulher do grupo, lembrando que ela é mulher e mãe de crianças pequenas. "Como se justifica que uma mãe fique fora de casa, longe de seus filhos? Não se respeita os valores familiares no Ocidente?", questionou.

Reação britânica

O governo do Reino Unido elogiou a decisão iraniana. "Cumprimentamos o que o Irã disse sobre a libertação dos 15 militares. Estamos verificando agora exatamente o que isto significa em relação ao método e ao momento da libertação", disse um porta-voz de Downing Street, casa oficial do premiê britânico, Tony Blair.

Vahid Salemi/AP
Presidente iraniano, Mahmoud Ahnmadibnejad, condecora membros da Guarda Costeira
Presidente iraniano, Mahmoud Ahnmadibnejad, condecora membros da Guarda Costeira
O presidente dos EUA, George W. Bush elogiou a decisão. "Assim como o premiê [Tony] Blair, o presidente Bush saúda a notícia", disse a porta-voz da Casa Branca, Dana Perino.

Bush afirmou anteriormente que a captura dos 15 marinheiros britânicos pelo Irã era um "comportamento inaceitável", e que se opunha a qualquer concessão em troca da libertação.

Após 12 dias de crise, Irã e Reino Unido já davam sinais de que iriam contornar a questão por meio da diplomacia. Nesta quarta-feira, Naigil Shinvald, conselheiro do premiê britânico, Tony Blair, conversou por telefone com Ali Larijani, chefe do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã, para discutir a questão, segundo a agência oficial Irna.

Depois de cortar relações com o Irã, o Reino Unido só permitia discussões sobre a detenção dos marinheiros e fuzileiros navais britânicos detidos no país persa.

Em um comunicado divulgado ontem, Blair disse que "ambos os lados compartilham o desejo de uma resolução rápida para a questão através de conversas diretas".

Captura

O impasse começou no último dia 23 de março, quando os 15 militares britânicos foram detidos por Teerã por terem supostamente entrado ilegalmente nas águas iranianas, acusação que o Reino Unido nega.

Marcelo Katsuki/Fol
Os dois países viveram um incidente similar em 2004, quando o regime de Teerã manteve detidos durante três dias oito militares britânicos acusados de entrarem de forma ilegal em águas territoriais do Irã no golfo Pérsico. Na época, o Reino Unido também negou a invasão.

A tensão teve início na mesma semana em que o Conselho de Segurança da ONU aprovou novas sanções contra Teerã por sua insistência em manter seu programa nuclear.

Na segunda-feira (2), a TV estatal de Teerã informou que os militares britânicos admitiram ter invadido águas territoriais do Irã. Segundo a Irna, agência oficial iraniana, o país não exibiria as imagens das confissões devido à "mudança de postura" do Reino Unido.

A Irna não detalhou a que tipo de mudança Teerã se referia. O Reino Unido rejeitou as declarações sobre confissões, dizendo que elas eram "inaceitáveis", e reiterando que os militares faziam uma inspeção em águas iraquianas quando foram detidos.

Síria

Nesta quarta-feira, o ministro sírio das Relações Exteriores, Walid al Moallem, afirmou a um jornal do Kuait que seu país estaria mediando o impasse entre o Reino Unido e o Irã.

"A solução deve ser diplomática, e a Síria agora media esse processo entre os dois países", afirmou Moallem ao jornal "Al Anba", em entrevista em Damasco. "Nós torcemos por uma solução satisfatória, que leve à resolução da crise em torno da prisão dos britânicos".

O ministro não detalhou que tipo de medida seu país irá tomar para tentar dar fim à controvérsia. O Irã acusa o grupo de marinheiros e marines britânicos de invadir suas águas.

Entre as nações árabes, a Síria é o mais próximo aliado do Irã, que é um país persa. Os dois países estreitaram ainda mais as relações quando passaram a ser acusados pelos Estados Unidos e pela União Européia (UE) de interferirem nos conflitos no Iraque e no Líbano.

A guerra do Líbano, que teve início em julho de 2006, durou 34 dias e deixou 1.200 mortos.

Com agências internacionais

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