Rússia diz que começará a retirar tropas da Geórgia na segunda-feira

O presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, anunciou que as tropas russas irão começar a se retirar da Geórgia amanhã, após fontes militares divulgarem informações desencontradas sobre se a retirada havia ou não começado.

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Medvedev, no entanto, não fez menção sobre deixar a Ossétia do Sul, região separatista que está no centro do conflito entre a Rússia e a Geórgia. Ele disse apenas que as tropas voltariam para Ossétia do Sul de suas posições na Geórgia, de acordo com um comunicado divulgado pelo Kremlin neste domingo.

Os confrontos tiveram início quando a Geórgia, que é aliada dos EUA, enviou tropas para retomar o controle sobre a Ossétia do Sul, região separatista que declarou independência no começo dos anos 90. Moscou reagiu à ofensiva porque apóia o pequeno território e mantêm forças de paz na região.

A partir da assinatura do acordo de cessar-fogo pela Rússia, a pressão ocidental para a retirada de tropas russa tem crescido. Os Estados Unidos e a França já haviam acusado a Rússia de descumprir a trégua, pelo fato de tanques e soldados russos continuarem a rodar livremente pela Geórgia.

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, alertou neste domingo que a Rússia enfrentaria "sérias conseqüências" se não começasse a retirada e falou mais cedo com Medvedev pelo telefone.

Arte/Folha Online

A chanceler alemã, Angela Merkel, viajou para Tbilisi, capital georgiana, para mais conversas de negociação neste domingo, assim como o presidente do CICV (Comitê Internacional da Cruz Vermelha), Jakob Kellenberger, também foi ao local para checar a situação dos milhares de deslocados pelo conflito.

Um militar russo na Geórgia, major-general Vyacheslav Borisov, afirmou à Associated Press que a "retirada planejada" da Ossétia do Sul estava sendo realizada neste domingo, mas a informação foi negada pelo porta-voz do Ministério da Defesa russo em Moscou.

Uma porta-voz para o ministério da Defesa da Ossétia do Sul, Irina Gagloyeva, disse que a polícia osseta estava recolocando os membros da tropa de paz russas na capital da região, Tskhinvali.

Alertas

Ontem, em mais uma advertência à Rússia, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, afirmou que o país não pode exigir o direito sobre as duas regiões separatistas --Ossétia do Sul e da Abkházia-- da vizinha Geórgia, aliada dos EUA, e que não há espaço para o debate sobre o assunto.

"A Rússia deve entender, a partir de agora, que a Ossétia do Sul e a Abkházia estão dentro das fronteiras da Geórgia. Não há discussão sobre isso", disse Bush, que havia classificado como "passo promissor" a adesão do presidente russo ao acordo de cessar-fogo.

Papa

O papa Bento 16 pediu a abertura "sem mais demoras" de corredores humanitários entre a região da Ossétia do Sul e o resto da Geórgia e que se "aliviem com generosidade as graves dificuldades" das pessoas que fogem.

Bento 16 desejou que a atual trégua, "conseguida graças à contribuição da União Européia, possa se consolidar e transformar-se em paz estável" e convidou a comunidade internacional a "continuar oferecendo seu apoio para conseguir uma solução duradoura, através do diálogo e da boa vontade comum".

O papa, após a oração deste domingo de sua residência de verão de Castelgandolfo, disse que acompanha "com atenção e preocupação a situação na Geórgia e se sente "particularmente próximo das vítimas do conflito".

Com Associated Press