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25/09/2002
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07h24
Especialistas em assuntos militares disseram ontem que o dossiê apresentado pelo premiê britânico, Tony Blair, relaciona com clareza as razões para o mundo ficar preocupado com Saddam Hussein. Apesar disso, observaram, o documento não traz grandes novidades nem provas conclusivas que justifiquem uma ofensiva militar contra o Iraque.
"É um quadro alarmante. Mas tenho dúvidas de que [o dossiê] acrescente alguma coisa àquilo que já sabemos", disse ao diário "Financial Times" John Garnett, diretor do Centro para Estudos de Defesa do King's College, de Londres.
O editor da revista de assuntos militares "Jane's World Armies", Charles Heyman, pensa da mesma forma. "Não há nada ali que eu não tenho visto ou ouvido antes", declarou. "Todos esperávamos as provas para uma guerra, e tudo o que conseguimos foram provas para inspeções da ONU."
Já John Chipman, diretor do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos de Londres -que, no início do mês, divulgou um extenso relatório sobre os armamentos iraquianos- disse que o dossiê de Blair apresenta com mais detalhamento as tentativas de Saddam de manter arsenais proibidos pelas resoluções da ONU.
"Ele mostra que as armas de destruição em massa estão no centro do planejamento militar de Saddam Hussein", disse Chipman à rádio BBC.
Principal aliado dos EUA e aparentemente disposto a participar de nova campanha militar ao lado dos americanos, o Reino Unido tenta ajudar o presidente americano, George W. Bush, a convencer a comunidade internacional de que Saddam representa um risco tão iminente que é necessário agir agora para contê-lo.
Poucos países na Europa ou no mundo árabe questionam o fato de que um Iraque com armas de destruição em massa e um regime como o de Saddam Hussein pode ser perigoso.
Ao contrário dos EUA, porém, eles não vêem o seu desarmamento como uma necessidade urgente e inadiável.
Apesar das poucas novidades trazidas, o dossiê de Tony Blair tenta imprimir esse caráter de urgência, sobretudo ao afirmar que, se nada for feito, um "Estado delinquente" como o Iraque entrará para o clube das potências nucleares em menos de dois anos.
Além disso, analistas políticos viram a iniciativa de Blair como uma tentativa de convencer a opinião pública britânica -e até mesmo políticos de seu partido- de que há justificativas para apoiar uma campanha liderada pelos EUA contra o Iraque. Simon Carr, do diário "The Independent", disse que o premiê foi bem-sucedido nesses esforços. Na sua visão, mesmo sem ter apresentado provas contundentes contra Saddam Hussein, Blair conseguiu domar ameaças de rebelião dentro de seu gabinete ministerial.
Com agências internacionais
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da Folha de S.PauloEspecialistas em assuntos militares disseram ontem que o dossiê apresentado pelo premiê britânico, Tony Blair, relaciona com clareza as razões para o mundo ficar preocupado com Saddam Hussein. Apesar disso, observaram, o documento não traz grandes novidades nem provas conclusivas que justifiquem uma ofensiva militar contra o Iraque.
"É um quadro alarmante. Mas tenho dúvidas de que [o dossiê] acrescente alguma coisa àquilo que já sabemos", disse ao diário "Financial Times" John Garnett, diretor do Centro para Estudos de Defesa do King's College, de Londres.
O editor da revista de assuntos militares "Jane's World Armies", Charles Heyman, pensa da mesma forma. "Não há nada ali que eu não tenho visto ou ouvido antes", declarou. "Todos esperávamos as provas para uma guerra, e tudo o que conseguimos foram provas para inspeções da ONU."
Já John Chipman, diretor do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos de Londres -que, no início do mês, divulgou um extenso relatório sobre os armamentos iraquianos- disse que o dossiê de Blair apresenta com mais detalhamento as tentativas de Saddam de manter arsenais proibidos pelas resoluções da ONU.
"Ele mostra que as armas de destruição em massa estão no centro do planejamento militar de Saddam Hussein", disse Chipman à rádio BBC.
Principal aliado dos EUA e aparentemente disposto a participar de nova campanha militar ao lado dos americanos, o Reino Unido tenta ajudar o presidente americano, George W. Bush, a convencer a comunidade internacional de que Saddam representa um risco tão iminente que é necessário agir agora para contê-lo.
Poucos países na Europa ou no mundo árabe questionam o fato de que um Iraque com armas de destruição em massa e um regime como o de Saddam Hussein pode ser perigoso.
Ao contrário dos EUA, porém, eles não vêem o seu desarmamento como uma necessidade urgente e inadiável.
Apesar das poucas novidades trazidas, o dossiê de Tony Blair tenta imprimir esse caráter de urgência, sobretudo ao afirmar que, se nada for feito, um "Estado delinquente" como o Iraque entrará para o clube das potências nucleares em menos de dois anos.
Além disso, analistas políticos viram a iniciativa de Blair como uma tentativa de convencer a opinião pública britânica -e até mesmo políticos de seu partido- de que há justificativas para apoiar uma campanha liderada pelos EUA contra o Iraque. Simon Carr, do diário "The Independent", disse que o premiê foi bem-sucedido nesses esforços. Na sua visão, mesmo sem ter apresentado provas contundentes contra Saddam Hussein, Blair conseguiu domar ameaças de rebelião dentro de seu gabinete ministerial.
Com agências internacionais
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