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17/03/2010 - 13h11

Novo ataque na Nigéria central deixa ao menos 13 mortos

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colaboração para a Folha Online

Um ataque a uma aldeia cristã no centro da Nigéria deixou ao menos 13 pessoas mortas e outras seis gravemente feridas nesta quarta-feira, segundo o chefe de informações do Estado de Plateau, Gregory Yenlong.

A matança aconteceu por volta da 1h30 (21h30 em Brasília) na região de Riyom, 30 km ao sul de Jos, área predominantemente cristã da etnia berom.

Uma testemunha ouvida pela Associated Press disse que invasores armados com facões entraram na vila, atearam fogo nas casas e dispararam tiros para o alto, tentando assustar os moradores. "Estava chovendo e eles tiraram vantagem disso", disse Linus Vwi.

Seis feridos foram levados ao hospital local, segundo Mark Lipdo, líder de um grupo filantrópico religioso da região. Os mortos incluem sete mulheres e quatro crianças, disse Lipdo. De acordo com testemunhas, as vítimas tiveram suas línguas removidas.

Suspeita-se que os atacantes sejam pastores muçulmanos, no que seria um novo episódio dos enfrentamentos religiosos que já deixaram centenas de mortos no país da África ocidental.

Onda de confrontos

Jos é a capital do Estado de Plateau, no centro da Nigéria, país da África Ocidental com 150 milhões de habitantes. Plateau separa o norte muçulmano do sul predominantemente cristão, com presença também de índios animistas. A região é conhecida como "Cinturão do Meio" e enfrenta constantes confrontos entre dezenas de grupos étnicos em busca do controle das terras férteis.

O ataque desta quarta-feira aconteceu apesar de um toque de recolher em Plateau imposto pelos militares desde janeiro, quando confrontos entre muçulmanos e cristãos mataram mais de 400 pessoas, segundo líderes comunitários.

Após o incidente de janeiro, uma nova onda de ataques aconteceu no início deste mês. Em 7 de março, pastores fulani atacaram três aldeias de maioria cristã perto de Jos. A polícia fala em 109 mortos, mas outras fontes, incluindo autoridades de Plateau, falam em cerca de 500 mortos, incluindo mulheres e crianças. Segundo a Cruz Vermelha, 8.000 pessoas tiveram de deixar suas aldeias.

Os enfrentamentos nessa região já provocaram milhares de mortes desde 2001 nesse país de 150 milhões de habitantes. Choques em setembro de 2001 mataram mais de mil pessoas. Confrontos entre cristãos e muçulmanos mataram até 700 pessoas em 2004. Mais de 300 moradores morreram num levante similar em 2008.

Ataques de retaliação não são incomuns e o governo pôs as forças de segurança em alerta vermelho depois dos ataques ao sul de Jos, no começo do mês, tentando evitar que a violência se espalhasse para Estados vizinhos.

Analistas locais, no entanto, sugerem que a principal causa dos enfrentamentos seria a rivalidade entre agricultores e pastores nômades em busca de terras, e não as diferenças religiosas e étnicas.

Reação política

Os ataques acontecem num momento difícil para a Nigéria, quando o presidente em exercício, Goodluck Jonathan, tenta se consolidar no poder. O presidente Umaru Yar'Adua, que voltou recentemente de três meses num hospital saudita, ainda está muito doente para retomar o controle do país.

Jonathan também está tendo que lidar com os problemas recorrentes na região produtora de petróleo do Delta do Niger, onde militantes detonaram dois carros-bomba na última segunda-feira (15), do lado de fora de um prédio do governo.

O papa Bento 16, os Estados Unidos e a ONU (Organização das Nações Unidas) condenaram a violência na região e pressionaram as autoridades para trabalhar pela restauração da paz.

Segundo uma testemunha, os invasores desta quarta-feira falavam Fulani, uma língua usada principalmente por pastores muçulmanos da região. Oficiais e testemunhas também culparam os pastores da etnia fulani pelos ataques do começo do mês.

O líder fulani Sale Bayari negou a participação da comunidade nos ataques, apesar de ter dito que a comunidade sofreu um ataque similar recentemente.

O governo de Plateau é controlado por políticos cristãos, que impediram os muçulmanos de serem reconhecidos legalmente como cidadãos. Isso impediu que muitos muçulmanos tentassem conquistar empregos públicos, numa região onde a indústria do turismo e mineração de estanho entraram em colapso nas últimas décadas.

Com agências internacionais

 

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