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Análise: Ambição mediadora de Lula depara-se com complexidade do Oriente Médio
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YANA MARULL
da France Presse, em Brasília
A ambição mediadora do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, deparou-se com a complexidade do Oriente Médio, ao encerrar nesta semana uma intensa visita à região, num momento de forte tensão entre as partes e à sombra do diálogo brasileiro com o Irã.
"Lula quer um papel de mediador para o Brasil nas conversações entre palestinos e israelenses, como a Noruega fez há alguns anos, como forma de projetar um país grande e influente", disse o analista e professor da Universidade de Brasília, David Fleischer.
"Simbolicamente, foi uma viagem importante: a primeira de um presidente do Brasil a Israel. Em termos práticos, a pretensão brasileira de se constituir em força de pacificação defrontou-se com uma realidade complexa", afirmou o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Marcelo Coutinho.
A visita de Lula a Israel, aos territórios palestinos e à Jordânia esteve marcada por um boicote do ministro das Relações Exteriores israelense, o ultranacionalista Avigdor Lieberman, e por uma escalada de violência, depois do anúncio de Israel sobre novas construções de casas em Jerusalém Oriental.
Lula recebeu outra mensagem pouco encorajadora dos palestinos, depois de sua oferta de diálogo com todas as partes, sem exceção, incluindo o grupo radical islâmico Hamas: não meter-se em questões internas e pedir ao Irã que não financie o Hamas, como declarou o presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Mahmoud Abbas.
O Brasil, que foi conquistando um papel de maior projeção na arena internacional e aspira a uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), onde agora ocupa um lugar rotativo por dois anos, expressou disposição de mediar o conflito no Oriente Médio. Recebeu, recentemente, os presidentes de Israel, Shimon Peres; da ANP, Mahmoud Abbas, e o iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, em Brasília.
Lula deixou Amã na última quinta-feira (18) reiterando a intenção de participar do processo de paz, assegurando que israelenses, palestinos e jordanianos assim o querem. "Convenci-me de que o Brasil (...) pode ajudar nesse debate", disse.
Já o Irã, que Lula visitará em maio, mostrou-se um interlocutor incômodo para o Brasil --tendo sido assunto abordado durante praticamente toda a visita do presidente brasileiro. A posição de Brasília sobre a questão nuclear iraniana está marcando fortes diferenças com uma comunidade internacional que pede sanções para bloquear o programa nuclear iraniano, enquanto os brasileiros defendem mais diálogo.
Segundo o professor Marcelo Coutinho, "ficou muito claro no parlamento de Israel a insatisfação causada pela manutenção de laços do Brasil com o Irã", com o Brasil também ganhando certa simpatia do Hamas.
Em compensação, para o professor da Universidade do Cairo, Mustafah Elwi, "o Brasil pode ser um mensageiro justo, com a vantagem que lhe dá sua posição histórica de neutralidade no Oriente Médio".
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