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Carlos Heitor Cony
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  13 de fevereiro de 2001
  URUBUS ASSASSINOS
  
  
 

Deus é testemunha de que nada tenho contra os urubus. Gostar mesmo, não gosto. Desde Augusto dos Anjos que eles gozam a fama de azarar a vida de nós todos. "Um urubu pousou na minha sorte" é um dos versos mais conhecidos da poética nacional e deve ser citado todos os dias, em contextos diversos.

Em todo caso, voando contra um céu azul, até que são graciosos, fazem curvas suaves no espaço. O diabo é que, justamente nesses espaços, eles estão ameaçando a segurança dos aviões e a vida de todos nós que andamos nesse mesmo espaço, que também é nosso, até prova em contrário.

As estatísticas são apavorantes. Cerca de dois ou três quase-acidentes ocorrem por mês em nossos aeroportos. Justamente na decolagem e no pouso, momentos críticos das viagens aéreas, os urubus se aproximam das turbinas e são sugados _espera-se apenas um acidente fatal, com 400 mortos, para que as providências sejam tomadas.

Não se pode cercar o ar, erguer muralhas no espaço _que afinal é de todos, inclusive dos urubus. Existem recursos técnicos que eliminariam ou diminuiriam o perigo. O uso de fumaças é caríssimo e nem sempre funciona.

Os entendidos garantem que aquela mancha branca, em feitio de caracol, no eixo que movimenta as pás dos reatores, emite vibrações que espantam as aves, grandes ou pequenas. Apesar desse caracol, os urubus continuam sendo sugados.

O certo seria deslocar os depósitos de lixo das proximidades dos aeroportos. Aliás, não se entende como o Brasil continua atrasado na questão do lixo _cuja reciclagem pode transformá-lo em rica matéria-prima.

Não faz muito, na hora de pousar no Galeão, um piloto teve o pára-brisa do seu avião quebrado por um urubu. Os estilhaços quase o cegaram. Se o urubu tivesse entrado numa das turbinas, naquele momento crítico do pouso, quando a força dos reatores é diminuída, o piloto teria morrido. Com mais 214 pessoas.

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