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Sábado, 19 de agosto de 2000

Preto ou vermelho?

José Henrique Mariante
     
Diego Medina


No último domingo, bocejando diante da TV, a única coisa que me fez manter os olhos abertos foi uma pergunta da minha filha: "Você torce para o preto ou para o vermelho?".
Minha filha tem três anos. Tempo suficiente para entender que o pai, nas manhãs de domingo, insiste em ligar a TV para ver uma corrida de carros. E para perceber que a tal corrida consiste basicamente numa disputa entre dois carros, o preto (ela ignorou solenemente o histórico prateado da Mercedes) e o vermelho.
E, no final da corrida, deu preto, para alegria dos meninos de uniforme preto e para desespero daqueles que estavam de vermelho.
Os que estavam de vermelho, inclusive, foram obrigados a se reunir no dia seguinte, para pensar no que fazer agora que a liderança do campeonato foi para o espaço.
Enquanto os de preto resolveram ir para Silverstone, destruir a concorrência em sessões de testes apenas para lembrar que a coisa não vai ser tão fácil assim.
Budapeste, a pior corrida do ano até aqui, deixou evidente que a Ferrari se perdeu na evolução do modelo F1-2000 e que a McLaren fez muito bem a lição de casa.
Para completar, Hakkinen desbancou Schumacher da liderança, algo impensável no início da temporada, verdadeiro terremoto no solo sagrado de Maranello.
Algo, porém, que a matemática deste campeonato já insinuava. Até San Marino, show do alemão, 24 pontos de vantagem sobre o finlandês. Da Inglaterra ao Canadá, um incrível empate, 26 pontos para cada lado.
De lá para cá, um show do atual bicampeão mundial, que marcou 32 contra apenas seis do rival, totalizando a pequena, mas significativa vantagem de dois pontos na tabela, neste momento.
Três campeonatos diferentes e, em cada um deles, diferentes relações de força entre os de preto e os de vermelho. Fosse matemática pura, já seria possível apontar Hakkinen como campeão.
Não é o caso, claro, ainda mais sabendo que a próxima corrida é em Spa, onde as coisas tendem a acontecer mais em função dos pilotos do que do equipamento, uma vantagem para a Ferrari.
Mas a coisa está longe de ser tranquila para o time italiano, que se vê, como em outros anos, novamente à mercê do alemão.
Ao contrário do que dita o senso comum, Schumacher não consegue fazer chover sempre. A probabilidade de seu talento fazer diferença é muito grande, e, por isso, ele ganha rios de dinheiro. Mas isso nunca pode ser considerado uma certeza, ainda mais quando o melhor cavalo pertence ao rival.
A Ferrari começou o ano acreditando ter o melhor cavalo em mãos, o que, somado a Schumacher, lhe apontava para o título.
Mas um carro que apenas nasce bom não ganha campeonato. É preciso mantê-lo competitivo durante todo o ano, o que a Ferrari não está conseguindo fazer.
Para complicar ainda mais, o time italiano não está tendo forças nem para aproximar Barrichello do pódio, trunfo para roubar pontos do adversário, como aconteceu na Alemanha.
Enfim, o preto está na frente e não apenas por dois pontos. E se o vermelho não inventar um quarto campeonato dentro da temporada, o jejum vai continuar.


NOTAS

Indianápolis
A quase um mês da corrida, aumenta a expectativa das equipes pelo GP dos EUA, a grande novidade desta temporada. Simulações de computador apontam para algo em torno de meio minuto por volta de aceleração plena. Mas, o que mais preocupa, são os pneus. A gravidade na curva 1 será enorme, e a Bridgestone quer que os técnicos coloquem dez libras a mais de pressão nos pneus. Os engenheiros, porém, temem perder aderência. Já existe gente apostando em cima do número de carros que vão se estampar no muro histórico.

Renault
Briatore confirmou nesta semana que a fábrica francesa fornecerá para a Benetton motores próprios já a partir do próximo ano. O "V" será de 110 graus entre os cilindros, dez a mais do que qualquer outra unidade da F-1.




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