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Diego
Medina
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Esporte
conhecido por corroborar favoritismos, o basquete enfim dá
vivas à diversidade. Tanto no Brasil como na NBA, as quadras
renderam-se a azarões nos últimos dias: pequenos times,
grandes exemplos de superação.
No topo da tabela do campeonato norte-americano, nada dos milionários
Los Angeles Lakers e Portland, os favoritos à taça.
A liderança, invicta, pertence ao pouco festejado Philadelphia,
equipe que possui só um astro, Allen Iverson _que, aliás,
faz um começo de torneio modesto.
Para alcançar as sete vitórias, o técnico Larry
Brown explora um grupo de coadjuvantes com senso tático e
vigor físico. O curioso é que todos haviam sido descartados
por seus times anteriores.
Eric Snow, calmo armador que dita o ritmo do jogo e neutraliza os
acessos do mercurial Iverson, fora chutado pelo Seattle. Theo Ratliff,
hoje o ala-pivô mais temível da Conferência Leste,
veio como contrapeso em uma negociação com o Detroit.
Toni Kukoc, principal oxigênio do banco de reservas, caíra
em desgraça no Chicago. E George Lynch, o reboteiro da equipe,
tinha sido dispensado pelo Vancouver!
Na vice-liderança, aparece outro grupo de abnegados, o Phoenix
(6v e 1d). Inacreditável, para uma equipe que atua sem dois
titulares (machucados) e que não tem um gigante de qualidade
para disputar um campeonato dominado por superpivôs desde
a aposentadoria de Michael Jordan.
Atrás, empatados, mais surpresa: o Utah e o Cleveland (5v
e 1d).
O Utah volta a desafiar a natureza, de novo amparado na extraordinária
capacidade técnica e médica da dupla John Stockton
(38 anos e 35 batidas cardíacas por minuto em repouso, menos
da metade de um cidadão normal) e Karl Malone (37 anos e
taxa de apenas 3,7% de gordura corporal, um terço da média
dos atletas da liga profissional).
O Cleveland, por sua vez, desafia a lógica. Não tem
nenhum jogador de renome. O armador é o líder da NBA
em "turnovers", o pivô registra mais faltas do que
rebotes, o cestinha não marca mais de 13 pontos por jogo...
Assim como não dá para entender como Dallas e Vancouver
aparecem à frente do Portland...
Já no Rio, dá, sim, para entender como o modesto Botafogo
tornou-se o único invicto no Estadual mais estrelado do país
_em pouco mais de uma semana, venceu os aclamados Vasco (duas vezes)
e Flamengo (uma).
De novo, Marcelinho, 25, faz a diferença. Não raramente,
ele se aproxima do "triplo-duplo" em pontos, rebotes e
assistências.
O ala-armador é, de longe, o jogador com mais potencial internacional
da nova safra brasileira.
Talvez seja ansioso demais para buscar a jogada de efeito _mas garante
a máscara com arremessos fluidos e o prazer em infiltrar.
Talvez lhe falte topete para se arriscar a conviver com outros talentos
no mesmo time _mas suas poucas experiências na seleção
não foram decepcionantes.
Talvez ainda seja franzino para cruzar a fronteira _mas tomou a
decisão, correta, de contratar personal trainer e nutricionista.
No fim, são tantos sinais de maturidade, dele e dos companheiros,
que, no Rio, vejo chances de sucesso total. Na NBA, ainda aposto
em Gulliver no epílogo.
NOTAS
Míni
1
A NBA encolheu. Em média, o atleta inscrito no campeonato 00/01
tem 2,0107 m, 60 milímetros a menos do que na temporada anterior.
É a menor estatura da década.
Míni 2
Trinta centímetros mais baixo, Stephon Marbury desbancou Shaquille
O'Neal e assumiu a artilharia da NBA. Soma 29,8 pontos por jogo,
com um aproveitamento de 53,1% nos arremessos de quadra (índice
impressionante para um jogador de perímetro). O armador é o responsável
direto pela boa campanha do modesto New Jersey, que, mesmo sem três
titulares, está entre os oito melhores do Leste (3v e 3d).
Míni 3
Arnaldinho é o outro nome do Botafogo que merece atenção. Assim
como Marbury, tem 1,86 m.
E-mail:
melk@uol.com.br
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