Folha Online sinapse  
30/09/2003 - 03h14

O Brasil será sempre o país do futuro?

da Folha de S.Paulo

No encerramento da "Semana Sinapse", o economista e ensaísta Eduardo Giannetti, 46, conduziu o debate "O Brasil será sempre o país do futuro?", que teve como fios condutores duas idéias: a noção de país do futuro e caminhos para o futuro do Brasil.

Pedro Azevedo/Folha Imagem
O economista Eduardo Giannetti
Na palestra, Giannetti disse que compartilha da idéia —otimista— de que o Brasil tem condições de superar seu passado.

"É um mérito manter a esperança por tanto tempo", afirmou após contrapor a condição do Brasil, de país do futuro, com a do Reino Unido. "O inglês não acredita que seu país possa equiparar ou superar seu passado."

O economista considera que o principal desafio para que o Brasil compense os problemas acumulados seja a redução da desigualdade social. "Hoje, quem não tem nada valoriza questões econômicas muito mais do que se a distância para o mais rico fosse menor."

Para Giannetti, professor das Faculdades Ibmec e autor do livro "Felicidade" (Companhia das Letras), o futuro do Brasil deve ser buscado como o produto da tensão entre o desejável e o exequível. "O sonho desvinculado da realidade não vinga. A realidade desprovida de sonho definha."

Uma meta realista para a economia brasileira de 2020, para o economista, é aumentar o PIB per capita brasileiro da casa dos US$ 6.000 para cerca de US$ 10 mil, desde que a distribuição de renda seja melhorada.

Segundo Giannetti, pesquisas demonstram que, acima desse valor, não há um ganho perceptível na satisfação pessoal. "Precisamos nos libertar do fetiche do crescimento", disse.

Uma das incoerências econômicas brasileiras, segundo Giannetti, é o fato de o déficit da Previdência representar 5,5% do PIB, enquanto gastos com ensino público fundamental e médio equivalem a 4,3%. "Um país que faz isso 'desinveste' no seu passado, em vez de investir no futuro."

Dessa forma, além da equidade econômica, também seria alcançada a igualdade de oportunidades, a verdadeira liberdade: "Não faz sentido dizer que alguém é livre para ler Machado de Assis se não é alfabetizado".

Giannetti considera que, hoje, a quase inexistência de mobilidade social, "o contrário da condição de igualdade de oportunidades", produza "Shakespeares analfabetos", indivíduos com grande potencial intelectual que, sem nenhuma chance de crescimento, tornam-se criminosos.

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