Publicidade
Publicidade
16/06/2003
-
04h44
A história dos conflitos de expansão territorial no México começou antes da chegada do colonizador espanhol e prosseguiu mesmo depois da independência. Foi selada com a anexação pelos EUA, ainda no século 19, de uma área que abrange do Texas à Califórnia, de proporções comparáveis ao tamanho atual do país.
A tradição guerreira vem de muito antes, porém. Remonta, pelo menos, ao recorte final (pós-clássico) do período mesoamericano --o que, trocando em miúdos, abarca do ano de 900 até a chegada do espanhol, ou seja, uns bons seis séculos de diversão. O patrimônio arqueológico ajuda a contar essa história, não só em regiões antes ocupadas pelos astecas, no centro-sul do país.
Michoacán guarda modestas ruínas. Nada comparável ao complexo zapoteca de Monte Albán, no vale de Oaxaca, ou ao suntuoso palácio e às pirâmides maias de Palenque, ambas no sul do país.
O mais antigo sítio arqueológico do Estado é o de Tinganio, em Santiago Tingambato, a 37 km de Pátzcuaro. Estima-se que as construções tenham sido feitas em duas etapas, a primeira entre os anos de 450 e 600 e a outra daí a 900. São, portanto, anteriores à civilização purépecha.
O conjunto está mais bem conservado ali do que na média da região. O que resistiu à pilhagem do colonizador (que muitas vezes usou material dos templos indígenas para construir suas igrejas) foi maltratado pelo tempo ou por frequentadores.
As construções mais importantes do legado purépecha estão nas cidades de Tzintzuntzan e Ihuatzio. Eram as bases do território daqueles que entraram para a história como os mais duros inimigos dos astecas, que nunca se deixaram conquistar. Mas seus monumentos estão aquém do passado bravio. Dilapidados, são visitados apenas parcialmente.
Rádio purépecha
Tzintzuntzan era o centro do poder purépecha -uma etnia que, estima-se, tenha cerca de 120 mil descendentes hoje. A língua purépecha ainda é largamente falada. Há até uma rádio que transmite exclusivamente nela.
O nome esquisito da cidade-satélite já dá pista de que o idioma espanhol é uma referência distante, assim como outras línguas indígenas mexicanas. O termo tzintzuntzan, para ter idéia, quer dizer "lugar de colibris". O império purépecha (ou tarasco, como o chamavam os espanhóis, numa generalização do termo usado para designar os chefes do grupo) ocupou larga fatia do oeste mexicano. Começou a tomar forma entre os séculos 13 e 14, quando ainda era nômade. Depois, desenvolveram agricultura e pesca.
Os purépechas chegavam a somar 40 mil habitantes no início do século 16, na chegada do colonizador. O espanhol sequer gastou munição para reduzir a população drasticamente. Vitimados pela varíola, no final do século eles eram apenas 8.000.
As ruínas de Tzintzuntzan já foram o principal templo tarasco. Suas cinco plataformas eram, cada uma, dedicada a uma divindade --sempre associada a um elemento da natureza ou a uma virtude, como a capacidade de semear ou de guerrear, de criar vida ou de decretar a morte. O principal deus era Curícaueri.
A praça cerimonial incluía palácio e altar, com cinco yácatas ("pedras arredondadas"), como eram chamadas as construções de formas retangulares e semicirculares. A base das construções é feita em pedras retangulares vulcânicas, chamadas de "xanamu".
Era sobre essas plataformas que ficavam os templos. Todo o entorno era, originalmente, cercado por uma muralha de pedra. Do alto de Tzintzuntzan avista-se o lago de Pátzcuaro e sua principal ilha, Janitzio, hoje com 5.000 habitantes. Em dias menos nebulosos, é possível ver dali a estátua erguida na ilhota em homenagem ao mártir José María Morelos.
Leia mais:
Michoacán expressa alma do México
Pacotes para Michoacán
Aqueduto em Morelia é obra da igreja
Pimenta é usada até na sobremesa
Cidade "sem maridos" quer esposar turismo
Gordinhos são bem-vindos em resort na península de Yucatán
Borboletas migram até parques de Michoacán
Lava de "jovem" vulcão emoldura o altar
Especial
Veja galeria de fotos do México
Tzintzuntzan não sucumbiu ao domínio asteca
Do enviado especial da Folha de S.Paulo ao MéxicoA história dos conflitos de expansão territorial no México começou antes da chegada do colonizador espanhol e prosseguiu mesmo depois da independência. Foi selada com a anexação pelos EUA, ainda no século 19, de uma área que abrange do Texas à Califórnia, de proporções comparáveis ao tamanho atual do país.
A tradição guerreira vem de muito antes, porém. Remonta, pelo menos, ao recorte final (pós-clássico) do período mesoamericano --o que, trocando em miúdos, abarca do ano de 900 até a chegada do espanhol, ou seja, uns bons seis séculos de diversão. O patrimônio arqueológico ajuda a contar essa história, não só em regiões antes ocupadas pelos astecas, no centro-sul do país.
Michoacán guarda modestas ruínas. Nada comparável ao complexo zapoteca de Monte Albán, no vale de Oaxaca, ou ao suntuoso palácio e às pirâmides maias de Palenque, ambas no sul do país.
O mais antigo sítio arqueológico do Estado é o de Tinganio, em Santiago Tingambato, a 37 km de Pátzcuaro. Estima-se que as construções tenham sido feitas em duas etapas, a primeira entre os anos de 450 e 600 e a outra daí a 900. São, portanto, anteriores à civilização purépecha.
O conjunto está mais bem conservado ali do que na média da região. O que resistiu à pilhagem do colonizador (que muitas vezes usou material dos templos indígenas para construir suas igrejas) foi maltratado pelo tempo ou por frequentadores.
As construções mais importantes do legado purépecha estão nas cidades de Tzintzuntzan e Ihuatzio. Eram as bases do território daqueles que entraram para a história como os mais duros inimigos dos astecas, que nunca se deixaram conquistar. Mas seus monumentos estão aquém do passado bravio. Dilapidados, são visitados apenas parcialmente.
Rádio purépecha
Tzintzuntzan era o centro do poder purépecha -uma etnia que, estima-se, tenha cerca de 120 mil descendentes hoje. A língua purépecha ainda é largamente falada. Há até uma rádio que transmite exclusivamente nela.
O nome esquisito da cidade-satélite já dá pista de que o idioma espanhol é uma referência distante, assim como outras línguas indígenas mexicanas. O termo tzintzuntzan, para ter idéia, quer dizer "lugar de colibris". O império purépecha (ou tarasco, como o chamavam os espanhóis, numa generalização do termo usado para designar os chefes do grupo) ocupou larga fatia do oeste mexicano. Começou a tomar forma entre os séculos 13 e 14, quando ainda era nômade. Depois, desenvolveram agricultura e pesca.
Os purépechas chegavam a somar 40 mil habitantes no início do século 16, na chegada do colonizador. O espanhol sequer gastou munição para reduzir a população drasticamente. Vitimados pela varíola, no final do século eles eram apenas 8.000.
As ruínas de Tzintzuntzan já foram o principal templo tarasco. Suas cinco plataformas eram, cada uma, dedicada a uma divindade --sempre associada a um elemento da natureza ou a uma virtude, como a capacidade de semear ou de guerrear, de criar vida ou de decretar a morte. O principal deus era Curícaueri.
A praça cerimonial incluía palácio e altar, com cinco yácatas ("pedras arredondadas"), como eram chamadas as construções de formas retangulares e semicirculares. A base das construções é feita em pedras retangulares vulcânicas, chamadas de "xanamu".
Era sobre essas plataformas que ficavam os templos. Todo o entorno era, originalmente, cercado por uma muralha de pedra. Do alto de Tzintzuntzan avista-se o lago de Pátzcuaro e sua principal ilha, Janitzio, hoje com 5.000 habitantes. Em dias menos nebulosos, é possível ver dali a estátua erguida na ilhota em homenagem ao mártir José María Morelos.
Leia mais:
Especial
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- De centenárias a modernas, conheça as 10 bibliotecas mais bonitas do mundo
- Legoland inaugura parque temático de artes marciais com atração 3D
- Na Itália, ilha de Ischia é paraíso de águas termais e lamas terapêuticas
- Spa no interior do Rio controla horário de dormir e acesso à internet
- Parece Caribe, mas é Brasil; veja praias paradisíacas para conhecer em 2017
+ Comentadas
Sobre a Folha | Expediente | Fale Conosco | Mapa do Site | Ombudsman | Erramos | Atendimento ao Assinante
ClubeFolha | PubliFolha | Banco de Dados | Datafolha | FolhaPress | Treinamento | Folha Memória | Trabalhe na Folha | Publicidade
Copyright Folha.com. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicaçao, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folha.com.