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14/07/2003
-
05h03
do enviado especial da Folha de S.Paulo à Espanha
Viajar pela Galícia é voltar à Idade do Ferro e do Bronze, época à qual é remetido quem visita os castros, guardiões, até hoje, dos primeiros sinais de civilização na península Ibérica, milênios antes de Cristo.
Os castros são fortificações típicas do período anterior à tomada da região pelos romanos, ainda durante a Idade do Ferro e do Bronze. O Império Romano estendeu suas fronteiras à península Ibérica no século 2º a.C. Só muito tempo depois, as legiões de Roma chegaram ao norte e ao noroeste da península --a região onde hoje se situa a Galícia.
Oficialmente, os romanos conquistaram essa região no ano 19 a.C.
Os romanos demoraram mais para se impor graças ao papel desempenhado por essas fortificações. A resistência, que ganhou contornos românticos em relatos posteriores, está retratada nos desenhos do Asterix. A realidade é a mesma, com a diferença de que a aldeia fictícia do herói ficava na Gália. As fortificações, que visavam à defesa contra inimigos locais, revelaram-se eficazes contra o Exército romano. Estima-se ter havido até 6.000 castros na região.
Nenhum sobreviveu aos dias de hoje, mas alguns deixaram ruínas que podem
reconstruir a vida daquele tempo. Cerca de 800 castros podem ser visitados. Um deles, o de Viladonga, fica 23 quilômetros a nordeste de Lugo, na Galícia.
Como a maioria dessas fortificações, Viladonga está construído sobre uma área naturalmente elevada, com o objetivo de facilitar a defesa do povoado. Com cerca de 10 mil metros quadrados, é cercado por uma muralha e tem apenas duas saídas. Cerca de 600 pessoas viviam nessa área.
As ruínas mostram casas de pedra que, na época, eram cobertas com palha.
São construções circulares, porque o povo que habitava a fortificação desconhecia o ângulo reto. A cultura dos castros se estende do século 6º a.C até o século 1º d.C.
A chegada dos romanos, porém, não significa uma ruptura. Ocorre, antes, um período de acomodação entre as duas culturas. Assim, é possível observar, no castro de Viladonga, casas formando ângulos retos, uma contribuição dos romanos, que passaram a habitar aquelas edificações.
Essa civilização galaico-romana perdura até o século 6º.
Não há certeza sobre a origem dos povos que habitavam os castros. Possivelmente eram de origem celta, mas já misturados com a população ibérica local. Deixaram muitos objetos ornamentais de cerâmica e instrumentos.
Esses objetos estão expostos no Museu do Castro de Viladonga, montado a partir de trabalhos arqueológicos iniciados em 1971. O trabalho continua. Ainda hoje, no verão, equipes de arqueólogos voltam ao sítio para novas escavações.
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OSCAR PILAGALLOdo enviado especial da Folha de S.Paulo à Espanha
Viajar pela Galícia é voltar à Idade do Ferro e do Bronze, época à qual é remetido quem visita os castros, guardiões, até hoje, dos primeiros sinais de civilização na península Ibérica, milênios antes de Cristo.
Os castros são fortificações típicas do período anterior à tomada da região pelos romanos, ainda durante a Idade do Ferro e do Bronze. O Império Romano estendeu suas fronteiras à península Ibérica no século 2º a.C. Só muito tempo depois, as legiões de Roma chegaram ao norte e ao noroeste da península --a região onde hoje se situa a Galícia.
Oficialmente, os romanos conquistaram essa região no ano 19 a.C.
Os romanos demoraram mais para se impor graças ao papel desempenhado por essas fortificações. A resistência, que ganhou contornos românticos em relatos posteriores, está retratada nos desenhos do Asterix. A realidade é a mesma, com a diferença de que a aldeia fictícia do herói ficava na Gália. As fortificações, que visavam à defesa contra inimigos locais, revelaram-se eficazes contra o Exército romano. Estima-se ter havido até 6.000 castros na região.
Nenhum sobreviveu aos dias de hoje, mas alguns deixaram ruínas que podem
reconstruir a vida daquele tempo. Cerca de 800 castros podem ser visitados. Um deles, o de Viladonga, fica 23 quilômetros a nordeste de Lugo, na Galícia.
Como a maioria dessas fortificações, Viladonga está construído sobre uma área naturalmente elevada, com o objetivo de facilitar a defesa do povoado. Com cerca de 10 mil metros quadrados, é cercado por uma muralha e tem apenas duas saídas. Cerca de 600 pessoas viviam nessa área.
As ruínas mostram casas de pedra que, na época, eram cobertas com palha.
São construções circulares, porque o povo que habitava a fortificação desconhecia o ângulo reto. A cultura dos castros se estende do século 6º a.C até o século 1º d.C.
A chegada dos romanos, porém, não significa uma ruptura. Ocorre, antes, um período de acomodação entre as duas culturas. Assim, é possível observar, no castro de Viladonga, casas formando ângulos retos, uma contribuição dos romanos, que passaram a habitar aquelas edificações.
Essa civilização galaico-romana perdura até o século 6º.
Não há certeza sobre a origem dos povos que habitavam os castros. Possivelmente eram de origem celta, mas já misturados com a população ibérica local. Deixaram muitos objetos ornamentais de cerâmica e instrumentos.
Esses objetos estão expostos no Museu do Castro de Viladonga, montado a partir de trabalhos arqueológicos iniciados em 1971. O trabalho continua. Ainda hoje, no verão, equipes de arqueólogos voltam ao sítio para novas escavações.
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