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23/03/2006
-
09h43
Enviada especial da Folha de S.Paulo ao Canadá
Québec é o nome de uma Província canadense, mas é também o nome de sua segunda maior cidade --e, de longe, a mais charmosa, com seus 650 mil habitantes e muita história para contar.
Foi nela que se iniciou a presença francesa na América do Norte, em 1608. E foi ainda nela que, em 1759, os britânicos derrotaram os franceses e se assenhorearam da bacia do rio São Lourenço.
Só não conseguiram impor aos colonos a fé anglicana. Preservando-se como católicos, esses canadenses também conservaram sua cultura e seu idioma. A Província de Québec é hoje um rico pedaço mundial da francofonia (regiões de língua francesa).
A cidade teve seus dias de glória no período pré-industrial, quando era entreposto para a exportação de peles e estava acessível à navegação transatlântica, com a travessia dos barcos completada por 1.000 km de navegação fluvial.
Com o comércio deslocado para Montréal --que por sua vez perdeu no século 20 a liderança canadense para Toronto, grande metrópole da anglofonia--, a cidade não foi devastada pela especulação imobiliária e se manteve bonita como antigamente. Os bairros históricos são em parte protegidos por 4,6 km de muralhas de 16 m de altura --que os franceses começaram a construir em 1745.
É aconselhável passear pela cidade entre o final da primavera e meados do outono. No inverno, Québec é castigada em média por três metros de neve, e a temperatura registra até -22 ºC. Isso só é bom para quem quer esquiar.
Mas vejamos a cidade. Ela é a capital da Província. Tem por isso palácios oficiais, bonitos por fora e luxuosos por dentro.
Há bons museus, como o de Belas Artes, especializado em artes canadenses, há as portas das muralhas, como a de Saint-Jean, e ainda praças que nos dão a impressão de terem sido deslocadas de alguma cidade histórica da Europa. Como a Royale, assim chamada em razão de um busto de Luís 14 num de seus cantos.
Há em Québec uma cidade alta e uma cidade baixa. A primeira era habitada pelos mais ricos, e a segunda, pelo povão. Por serem ambas antigas, elas se beneficiaram nos últimos 40 anos de um lento processo de restauração.
Prédios que abrigavam bancos hoje falidos se tornaram hotéis --ou "hôtel-boutique", um conceito de hotelaria que associa conforto extremo à presença de uma arquitetura bicentenária.
Um exemplo deles: o Auberge Saint-Antoine, que distribui por vitrinas nas áreas comuns e nos apartamentos cerca de 1.600 objetos que arqueólogos encontraram no local e que datam muitas vezes do final do século 17.
Um outro exemplo seria o Château, que parece um castelo, mas que nunca foi um de verdade. Trata-se de um hotel de 600 quartos construído em 1893 pela ferrovia Canadian Pacific.
Quanto aos cantos pitorescos, algumas recomendações: a rue Saint-Jean, que é um concorrido centro comercial com prédios muito antigos, a place d'Armes, com seus saltimbancos no verão, a rue Saint-Paul, com antiquários e galeristas, e a Grande Allée, onde estão os melhores restaurantes.
João Batista Natali viajou a convite do Ministério Canadense das Relações Exteriores
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Canadá: Québec conserva seu charme à francesa
JOÃO BATISTA NATALIEnviada especial da Folha de S.Paulo ao Canadá
Québec é o nome de uma Província canadense, mas é também o nome de sua segunda maior cidade --e, de longe, a mais charmosa, com seus 650 mil habitantes e muita história para contar.
Foi nela que se iniciou a presença francesa na América do Norte, em 1608. E foi ainda nela que, em 1759, os britânicos derrotaram os franceses e se assenhorearam da bacia do rio São Lourenço.
Só não conseguiram impor aos colonos a fé anglicana. Preservando-se como católicos, esses canadenses também conservaram sua cultura e seu idioma. A Província de Québec é hoje um rico pedaço mundial da francofonia (regiões de língua francesa).
Renata de Gáspari Valdejão/FI |
Escada que liga porto Velho à rue Petit Champlain |
Com o comércio deslocado para Montréal --que por sua vez perdeu no século 20 a liderança canadense para Toronto, grande metrópole da anglofonia--, a cidade não foi devastada pela especulação imobiliária e se manteve bonita como antigamente. Os bairros históricos são em parte protegidos por 4,6 km de muralhas de 16 m de altura --que os franceses começaram a construir em 1745.
É aconselhável passear pela cidade entre o final da primavera e meados do outono. No inverno, Québec é castigada em média por três metros de neve, e a temperatura registra até -22 ºC. Isso só é bom para quem quer esquiar.
Mas vejamos a cidade. Ela é a capital da Província. Tem por isso palácios oficiais, bonitos por fora e luxuosos por dentro.
Há bons museus, como o de Belas Artes, especializado em artes canadenses, há as portas das muralhas, como a de Saint-Jean, e ainda praças que nos dão a impressão de terem sido deslocadas de alguma cidade histórica da Europa. Como a Royale, assim chamada em razão de um busto de Luís 14 num de seus cantos.
Há em Québec uma cidade alta e uma cidade baixa. A primeira era habitada pelos mais ricos, e a segunda, pelo povão. Por serem ambas antigas, elas se beneficiaram nos últimos 40 anos de um lento processo de restauração.
Prédios que abrigavam bancos hoje falidos se tornaram hotéis --ou "hôtel-boutique", um conceito de hotelaria que associa conforto extremo à presença de uma arquitetura bicentenária.
Um exemplo deles: o Auberge Saint-Antoine, que distribui por vitrinas nas áreas comuns e nos apartamentos cerca de 1.600 objetos que arqueólogos encontraram no local e que datam muitas vezes do final do século 17.
Um outro exemplo seria o Château, que parece um castelo, mas que nunca foi um de verdade. Trata-se de um hotel de 600 quartos construído em 1893 pela ferrovia Canadian Pacific.
Quanto aos cantos pitorescos, algumas recomendações: a rue Saint-Jean, que é um concorrido centro comercial com prédios muito antigos, a place d'Armes, com seus saltimbancos no verão, a rue Saint-Paul, com antiquários e galeristas, e a Grande Allée, onde estão os melhores restaurantes.
João Batista Natali viajou a convite do Ministério Canadense das Relações Exteriores
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