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31/08/2006 - 12h56

Espanha: Em Santiago, viajante desfruta monastérios e pubs

CAROLINA VILA-NOVA
Enviada especial da Folha de S.Paulo à Espanha

Cidade emblemática para o cristianismo medieval, construída por e para peregrinos, Santiago de Compostela surpreende por sua efervescência. Quem pensa encontrar apenas igrejas e monastérios terá a boa surpresa de desfrutar os pubs clássicos compostelanos, a nova gastronomia galega em vários restaurantes de autor e a extensa programação de exposições e galerias de arte dessa cidade universitária (a população estudantil ronda os 40 mil).

É verdade que, para muitos, depois de 800 km de caminhada a uma média de 30 km diários, a chegada pode ter um quê de decepção. A primeira visão que o peregrino tem de Santiago é no monte do Gozo, uma zona industrial que no que diz respeito à beleza não faz jus ao nome --apesar de que daí se avistam as torres da catedral.

Nos arredores da cidade, em um bar e café para descanso, o dono oferece uma fantasia para o turista tirar foto de peregrino.

E em plena praça do Obradoiro, diante da catedral de Santiago, "seu" Alfredo cobra 1 para que se tire uma foto de seu cachorro Charlie Brown também vestido de peregrino --com direito a capa, cabaça, cajado e um i-pod. Uma foto só, sem direito a repetição.

Mas essa eventual má impressão se dissipa tão logo se embrenha na cidade.

O primeiro passo é visitar a catedral de Santiago. Trata-se a grosso modo de um mausoléu cujo coração é a arca prateada que guarda os despojos do santo, apesar de ter sido concebida ao mesmo tempo como igreja, palácio e castelo.

A igreja que se vê hoje é a terceira edificação, erguida nos séculos 11 e 12. A primeira data do século 9º, com início em 1075, e a segunda, do século 10. Foi adotado um sistema de uma construção dentro da outra para que a cidade não ficasse sem igreja.

No século 18, o edifício passou por uma reforma barroca, mas 95% do interior da basílica é de estilo românico.

Lá dentro, o peregrino cumpre três rituais seculares: coloca os dedos sobre o pórtico da Glória, uma obra-prima do românico europeu; encosta a cabeça na estátua do mestre Mateo, o artífice do pórtico, para "roubar" sua inteligência, e abraça o busto de são Tiago que se assenta no altar-mor, acima do túmulo com as relíquias.

A planta da igreja é concebida para a peregrinação --quem entra não atrapalha as celebrações. Todo domingo, ao meio-dia, há a missa do peregrino, e muitos planejam a chegada à cidade para esse momento.

Mancando, com sandálias e meias para proteger os pés cheios de bolha, o estudante alemão Bernard, 24, havia chegado àquela manhã a Santiago com a namorada e acabava de assistir à missa do peregrino. Caminharam por dez dias.

"Viemos pela experiência religiosa e espiritual. Foi muito difícil, mas cada manhã era um novo dia, e hoje me sinto cheio de energia", conta. "A viagem é válida para o turista, mas, para o peregrino, é mais intensa."

O Obradoiro é outra grande atração, uma praça com quatro edifícios e cinco estilos arquitetônicos --românico, gótico, barroco, neoclássico e renascentista. Um dos prédios é o hostal dos Reis Católicos, de estilo renascentista, construído após a visita de Isabel de Castela e Fernando de Aragão a Santiago em 1486.

A poucos metros, vale ir ao convento de São Francisco, criado pelo próprio santo entre 1212 e 1213. Em 1993, o prédio foi transformado em hotel, um dos mais luxuosos de Santiago.

Fora do circuito religioso, há várias opções. Na zona de São Domingos de Bonaval, ficam o Centro Galego de Arte Contemporânea e o museu do Povo Galego (etnográfico). Mais adiante está o parque de São Domingos, um dos melhores miradores da cidade histórica.

Á noite, o passeio segue na rua de San Paio de Antealteares ou na praça Quintana, de pub em pub para provar as cervejas espanholas, como Estrella (galega), Mahou e Cruzcampo.

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