Processo da Kiss não tem prazo para ser julgado
Incêndio, que deixou 242 mortos em Santa Maria (RS), completou dois anos nesta terça-feira
Dois anos depois da tragédia da boate Kiss, em Santa Maria (RS), o processo sobre as 242 mortes provocadas pelo incêndio anda em ritmo lento na Justiça gaúcha, sem nenhuma perspectiva de ser julgado em breve.
Os quatro acusados pelo crime seguem em liberdade depois de terem ficado quatro meses detidos em 2013.
São réus na ação os sócios da casa noturna Elissandro Spohr e Mauro Hoffmann, o vocalista da banda Gurizada Fandangueira Marcelo de Jesus e o produtor do grupo, Luciano Bonilha Leão.
Os dois últimos são acusados de manusear o artefato pirotécnico que iniciou o incêndio durante a apresentação da banda na boate.
Cerca de 180 pessoas já foram ouvidas. Após o término dessas audiências, a defesa e a acusação ainda apresentarão argumentos antes de o juiz decidir se o caso irá a júri popular e se manterá a acusação de homicídios com dolo eventual --quando o acusado assume risco de matar.
O juiz responsável, Ulisses Louzada, pode determinar ainda uma reconstituição do crime antes do julgamento.
Outros processos paralelos relativos à tragédia também estão pendentes na Justiça do Rio Grande do Sul.
Os acusados de homicídio evitam se manifestar a respeito da tragédia. O advogado Gilberto Weber, do produtor da banda, afirma que um músico que morreu no incêndio coordenava as ações da Gurizada Fandangueira, e Luciano Bonilha Leão era apenas um assistente.
Segundo a defesa de Elissandro Spohr, o réu tem participação no caso, mas órgãos públicos também devem ser incluídos entre os responsabilizados por liberarem o funcionamento.
Para Mário Cipriani, que defende Mauro Hoffmann, o incêndio foi uma "fatalidade" e a boate "não tinha os problemas que a acusação aponta". Ele argumenta que o local foi liberado pelos órgãos públicos e operava normalmente.
VIGILIA
Sobreviventes e familiares de vítimas lembraram os dois anos da tragédia com uma vigília em frente à casa noturna e um ato na sede do Ministério Público em Santa Maria.
Já na noite de segunda (26), dezenas de pessoas fizeram uma caminhada até o local do incêndio.
Durante a madrugada, promoveram uma contagem lembrando os 242 mortos, acenderam velas, soltaram balões e cobraram justiça. No asfalto, os manifestantes também pintaram um coração.
Pela manhã, cruzes e cartazes foram fixados na frente do Ministério Público gaúcho.