Especial - Guia do MBA
Não é feitiçaria
Vendidos como aceleradores de carreiras, MBAs podem impulsionar salários e promoções, mas precisam fazer parte de uma estratégia maior
Aumento de salários e promoções na empresa costumam ser o objetivo de quem procura um curso de MBA. Só que a formação sozinha não é garantia de mudanças.
O objetivo desse tipo de curso é preparar o profissional para cargos de liderança, nos quais é preciso ter uma visão generalista do negócio, com sólidos conhecimentos de gestão e estratégia.
"Existe muita mística no MBA, que muitas vezes não se cumpre" diz Ricardo Fasti, diretor de desenvolvimento de negócios da BSP (Business School São Paulo). É preciso, portanto, que essa formação esteja inserida em um plano mais amplo de educação continuada.
Um estudo feito pela consultoria britânica QS aponta pelo mesmo caminho. Segundo os números de 2014, um estudante de MBA na América Latina ganha em média o equivalente a R$ 84 mil por ano (R$ 7.000 por mês) e espera que seu salário anual chegue a R$ 196,8 mil.
A média salarial dos formados na região, porém, é um pouco mais baixa, de R$ 173,4 mil por ano.
"Acabando o MBA, o salário não triplica, mas sobe mais depressa", afirma John Schulz, sócio-fundador da escola de negócios BBS.
Essa é uma das razões que levaram o engenheiro mecatrônico Stefan Janzen, 32, a iniciar o MBA após trabalhar na empresa da família por nove anos. "A ideia era assumir mais responsabilidades e melhorar meu padrão salarial."
Ele concluiu que era melhor sair do trabalho e já comunicou a empresa. "A única forma de melhorar meu patamar salarial seria essa.
Apesar de o MBA ser importante, ele não é garantia de que o aluno vá subir na carreira. Luis Granato, gerente-executivo da empresa de recrutamento Michael Page, afirma que olha outros aspectos mais importantes.
"O que a gente mais avalia é o perfil. Um cara pode ter um MBA e ter um comportamento horrível, ser arrogante, inseguro. Não é um cara que o mercado vá puxar."
Para José Claudio Securato, professor da escola de negócios Saint Paul, é preciso saber o momento certo. Quem tem pouca experiência profissional e não está em posições de liderança deve procurar fazer cursos mais técnicos primeiro.
Há no Brasil programas que misturam os conhecimentos de gestão e de uma área específica, como no caso do escolhido pelo economista Alexandre Zanetti, 32. Ele trabalha no setor de crédito do BNDES e está fazendo um MBA especializado nessa área. "Decidi me especializar, conhecer melhor sobre o crédito", diz Zanetti.