Empresas devem processar mais seus funcionários, afirma autora
Advogada critica consenso de que Justiça é só para empregados
As empresas deveriam buscar a Justiça quando prejudicadas por delitos de funcionários, afirma a advogada Cintia Yazigi, 48.
Ela está lançando o livro "Direitos e Ações do Empregador" (editora Atlas, 248 págs., R$ 66), em que descreve quais são os principais delitos cometidos por funcionários e como as companhias podem usar a Justiça para garantir seus direitos.
Entre os atos dos empregados que podem gerar processos trabalhistas ela destaca furtos e o assédio moral.
Leia abaixo trechos de sua entrevista à Folha.
Folha - Quais os delitos cometidos por funcionários com mais frequência?
Cintia Yazigi - O mais comum é a improbidade, que inclui coisas como furto e estelionato. Em seguida, está o assédio moral.
Como se define dano moral no ambiente de trabalho?
É algo muito subjetivo. O que é um ataque a honra para mim pode não ser para você. Se você me chamar de chata, por exemplo, eu vou confirmar que sou mesmo. Advogado tem que ser assim para conseguir as coisas. Mas chamar de chato um apresentador de televisão, que deve ser sorridente e simpático, é diferente. A ofensa está ligada ao que a pessoa faz, ao que deixou de fazer, à carreira dela.
As empresas acionam menos empregadores que as prejudicam do que deveriam?
Sim. Existe um consenso geral de que o direito do trabalho serve para proteger o empregado. Por outro lado, entendo que a empresa também tem muitos direitos, mas há um desconhecimento sobre quais são eles.
Há medo de a empresa que processa ser vista como truculenta?
O maior problema, na verdade, é a empresa achar que o funcionário não terá condições de pagar o que seria justo. Pensam que não vale a pena gastar com advogados por uma indenização de R$ 1.000, por exemplo. Mas às vezes não é o valor que importa, a empresa pode querer uma retratação.
E nem sempre a empresa precisa mandar a pessoa embora, o processo garante que mais ninguém repetirá a atitude considerada prejudicial.