Análise
Despertar dos gigantes ameaça protagonismo do Brasil na área
Se o pacto climático entre China e EUA tiver o efeito previsto, os dois países devem deixar de travar as negociações do almejado acordo global. Nesse cenário, reduzem-se as chances de o Brasil seguir protagonista na área.
Na última vez em que chefes de Estado se reuniram para tentar chegar a um acordo, em 2009, o Brasil estava em ritmo acelerado de redução do desmatamento (sua principal fonte de CO2) e prometia reduzir até 39% de seu CO2 projetado para 2020.
A promessa deixava o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva à vontade para cobrar ação de outras nações. Seu discurso foi aplaudido como poucos durante aquele encontro em Copenhague.
Agora, porém, o país está numa condição diferente.
Mesmo que honre a promessa, o Brasil corre o risco de chegar à cúpula de Paris, em 2015, com as emissões em curva ascendente. E enquanto chineses e americanos falam em objetivos para 2030, o Brasil dá sinais de que repetirá sua intenção para 2020.
Ainda que o pacto sino-americano seja mais uma carta de intenções que um acordo vinculante e ainda que ele seja insuficiente para evitar um aquecimento global de 2ºC, considerado perigoso, a proposta chinesa de atingir 20% de energia renovável até 2030 é muito ambiciosa.
Enquanto isso, o Brasil, que tem hoje respeitáveis 40% de sua matriz energética (incluindo indústria e transporte) calcada em fontes renováveis, sinaliza uma aceleração do consumo de combustíveis fósseis. E não há como almejar um corte de emissões tão significativo quanto o chinês cuidando apenas do problema do desmatamento.