Diplomatas ao menos voltarão mais bronzeados
Se, até o fechamento desta edição, o conferência ainda não tinha encontrado uma saída para o clima, ela foi útil para ao menos deixar os diplomatas mais bronzeados.
Isso porque, entre as diversas salas do evento, era preciso percorrer grandes espaços abertos, sob o sol de Lima. A maioria das pessoas, despreparadas para tomar sol num encontro diplomático, acabou com o rosto moreno após duas semanas.
Mesmo dentro dos pavilhões, o calor era forte.
Quando os jornalistas reclamaram do fraco ar-condicionado, o presidente da cúpula e ministro do Ambiente do Peru Manuel Pulgar-Vidal brincou, dizendo que o objetivo era poupar energia e reduzir emissões de CO2. "Se refrescamos aqui, acabamos aquecendo o resto do mundo."
Um dos pavilhões mais quentes era o do setor F, onde ficava o escritório da delegação brasileira. O embaixador Antonio Carvalho, negociador-chefe do país, evitava ficar em suas dependências. Passou a marcar entrevistas ao ar livre, onde aparecia com camisa de manga curta.
Os pavilhões onde foi realizada a conferência foram montados com estruturas de metal, plástico e lona dentro das dependências do Pentagonito, o quartel-general do exército peruano. A realização da COP dentro de uma instalação militar associada ao período da ditadura no Peru causou um certo estranhamento, mas facilitou o esquema de proteção do evento.
Praticamente toda a força policial da cidade foi mobilizada para a segurança no entorno da COP e em Miraflores, o bairro que concentra hotéis e restaurantes na capital. Esperava-se um influxo de 15 mil pessoas na cidade.
A final do campeonato peruano de futebol, entre Alianza e Cristal, marcada para 3 de dezembro, teve de ser adiada porque não havia efetivo para fazer o seu policiamento.
Não houve incidentes sérios, mas todos os dias havia um protesto no portal de acesso ao evento: ambientalistas, organizações indígenas, grupos pró-direitos humanos, todos tiveram seu espaço.
Além disso, as delegações do países eram recebidas por ativistas fantasiados de bichos de pelúcia que ofereciam comida vegana de graça --que pouca gente aceitava.
Ao fim, a energia poupada com o baixo investimento em refrigeração não ajudou muito a esfriar o resto do planeta, como sugeriu Pulgar-Vidal. Com a eletricidade dos provida por geradores a diesel, a ONU calculou as emissões geradas no evento em 50 mil toneladas de CO2, a maior na história de vinte anos das COPs.