Amizade entre diferentes espécies chama a atenção de pesquisadores
Mais que vídeos fofos, relações podem gerar trabalhos científicos
Um bode brinca com um rinoceronte bebê. Um porco se aninha com um gato. Uma serpente trata bem o hamster-anão que originalmente seria seu almoço.
Vídeos com duplas de animais improváveis brincando tornaram-se tão comuns que estão despertando o interesse de alguns cientistas.
Entre outras coisas, as amizades poderiam auxiliar a compreender como as espécies se comunicam, o que leva determinados animais a se conectar entre as diversas espécies e o grau com que animais podem adotar o comportamento de outras espécies.
Até recentemente, qualquer sugestão de que relações entre espécies poderiam ser baseadas simplesmente na camaradagem provavelmente seria recebida com escárnio, rejeitada como antropomorfismo ao estilo da produtora de animações Pixar.
Tal compreensão mudou à medida que a pesquisa foi corroendo algumas fronteiras entre o Homo sapiens e outros animais.
Constatou-se que outras espécies dividem habilidades antes consideradas exclusivas dos humanos, incluindo emoções, uso de ferramentas, contagem, aspectos de linguagem e até senso moral.
Barbara J. King, antropóloga do College of William and Mary, espera que pesquisadores comecem a coletar exemplos de interações entre espécies para construir um banco de dados que mereça avaliação científica.
Ela acredita também que o tema seria beneficiado com uma definição rigorosa de "amizade" entre membros de espécies diferentes.
King sugeriu alguns critérios. Para ela, uma relação deve ser sustentada, os dois animais devem estar envolvidos na interação, e algum tipo de adaptação deve ocorrer em prol do relacionamento, como uma modificação no comportamento ou na comunicação.
Não deve ser coincidência que muitas das duplas de animais envolvam cães, que aperfeiçoaram a arte de comunicação entre espécies ao longo dos milênios convivendo com nós, humanos.