Anvisa busca alternativas aos testes de produtos em animais
Bichos são utilizados para a análise de segurança e toxicidade
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou nesta quinta (30) uma resolução que reconhece o uso de métodos alternativos ao uso de animais em pesquisas para desenvolvimento de produtos.
A medida pode reduzir o uso de animais em alguns dos testes feitos por empresas das áreas reguladas pela agência, como cosméticos, remédios e outros produtos para a saúde.
Em geral, os animais são utilizados na chamada fase pré-clínica, que visa dar informações preliminares de segurança e toxicidade. Caso os resultados sejam satisfatórios, a pesquisa passa para a fase clínica, em humanos.
Hoje, 17 métodos alternativos ao uso de animais têm o reconhecimento do Concea (Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal). O problema é que, até o momento, não havia uma recomendação da Anvisa sobre o uso desses métodos, o que gerava confusão às empresas.
Para o diretor Ivo Bucaresky, a resolução visa fazer com que os laboratórios adotem os novos métodos em cinco anos.
"Estamos aceitando a posição do Concea, de que, no prazo estabelecido, só poderão ser aceitos os métodos alternativos. As empresas devem começar a migração."
Ele lembra que, apesar do interesse da agência, isso não significa, porém, que os animais deixarão de serem utilizados em todas as partes do processo. "Existem muito poucos métodos hoje reconhecidos internacionalmente e já validados. Não adianta acharmos que daqui a quatro anos vamos ter todas as pesquisas substituídas."
Entre os procedimentos já validados pelo Concea, estão alternativas que permitem, por exemplo, em vez de aplicar uma substância na pele de um animal para analisar o grau de irritação, utilizar pele humana produzida a partir de sobras de cirurgias estéticas.
Em outro caso, é o coelho quem escapa: no lugar da aplicação de produto nos olhos do animal, é utilizada córnea bovina obtida em abatedouro.
Segundo a gerente de assuntos regulatórios do Sindusfarma, sindicato das indústrias farmacêuticas de São Paulo, Rosana Mastellaro, a medida tem apoio do setor, que já utiliza técnicas alternativas.
O tema ganhou projeção em 2013, quando um grupo de cerca de cem ativistas invadiu o Instituto Royal, em São Roque (SP), contra o uso de cães da raça beagle em testes.