Motoristas não vão sumir das ruas tão cedo
Apesar do otimismo dos pesquisados, ainda há obstáculos bastante consideráveis para que os motoristas se tornem uma espécie extinta.
O mais óbvio é regulatório: ainda é preciso definir, em quase todos os países, quem deve ser responsabilizado caso um veículo automatizado cause danos ou machuque pessoas, por exemplo.
O dilema mais complexo, no entanto, é de natureza ética.
Digamos que, numa situação desastrosa na estrada, um condutor humano precisa escolher entre bater na traseira de outro caminhão ou invadir o pátio de uma escola rural cheia de crianças.
Pessoas normais são capazes de discernir qual é o menor dos males em casos como esse, mas garantir que um computador faça o mesmo exigiria o desenvolvimento de um "aplicativo ético" extremamente sofisticado.
Por enquanto, embora o caminhão são-carlense esteja sendo projetado para atuar de forma autônoma, é mais viável e interessante pensar num modelo híbrido, no qual humanos e computadores atuem juntos, afirma Denis Wolf, professor de ciência da computação na USP.
"Numa estrada tranquila, por exemplo, o motorista pode aproveitar para descansar, ler um livro ou acessar o email. Ao se aproximar de uma cidade, com um trânsito mais complexo, ele assumiria o controle."
Nos Estados Unidos, carros autônomos estão sendo testados há anos –e se envolveram em alguns acidentes, embora os criadores aleguem que qualquer veículo está sujeito a pequenas batidas no trânsito.