Elefantes veteranos de circo começam carreira na ciência
'Asilo' na Flórida tem estudos em genética, reprodução e oncologia; ativistas criticam e dizem que bichos deveriam ir a santuário
Na Flórida, em uma cidadezinha chamada Polk City, não muito longe de diversos condomínios voltados para idosos humanos, existe uma espécie de asilo para elefantes antes pertencentes a circos.
O asilo da Flórida tem agora 29 animais, todos de uma única grande empresa gestora de circos que se comprometeu a, gradualmente, deixar de utilizar os animais nos seus espetáculos até 2018 –outros 13 ainda estão em atividade.
A própria companhia financia o "retiro dos elefantes", argumentando que tem uma responsabilidade com eles.
Os ativistas de direito dos animais, embora digam que é um avanço que eles tenham parado de trabalhar, desconfiam das boas intenções. "Não é um santuário real", afirma Rachel Mathews, do grupo People for the Ethical Treatment of Animals.
A reclamação dos ativistas é que os animais não estão livres para "serem elefantes de verdade" no local, nas palavras de Mathews.
Isso porque a empresa têm utilizado os bichos, entre outras coisas, para a pesquisa científica. Os animais estão tendo seu genoma estudado, e os cientistas têm desenvolvido novas técnicas de inseminação artificial entre os animais.
Cientistas que buscam entender aspectos da saúde dos elefantes para aplicá-la aos humanos –analisando a baixa incidência de câncer entre eles, por exemplo– também podem utilizar o local.
Além disso, os bichos continuam recebendo treinamento para serem mais fáceis de lidar. Eles seguem aprendendo a se deitar após receber um comando, o que torna mais fácil para os funcionários escová-los, assim como sabem colocar o pé sobre um banquinho, tornando mais fácil cuidar das suas unhas.
A interação próxima com os treinadores também permite que seja fácil tirar amostras de sangue semanais, a partir de grandes veias que os animais têm atrás das orelhas –são feitos exames e pesquisas com esse material.
Os bichos passam os dias soltos, ao ar livre. Dormem em grandes celeiros –com frequência, seus pés são presos para que eles não roubem comida uns dos outros, segundo os administradores.
Por enquanto, o local não está aberto ao público, mas esse tópico ainda promete dar muita polêmica.
Isso porque Kenneth Feld, presidente da Feld Entertainment, que cuida tanto do circo quanto do retiro, afirma que pode ser uma boa ideia permitir visitas aos animais. "A maior parte das pessoas não podem pagar uma viagem para o Sri Lanka", diz. "Seria uma forma de possibilitar que o público visse algo que normalmente não pode ver."
A hipótese, porém, não agrada nem um pouco os ativistas dos direitos animais.
Feld afirma que manter cada um dos bichos custa US$ 69 mil por ano (mais de R$ 250 mil). Novas formas de permitir contato com o público poderiam fazer com que locais assim, ao se tornarem financeiramente sustentáveis, fossem mais comuns, dando mais possibilidades de moradia para os elefantes –a ideia, porém, tem diversos inimigos.