Crítica - Restaurante
Cortés tem carne de boa qualidade e cortes argentinos, mas falha na entrega
Para chegar à churrascaria Cortés, não tem jeito, tem que entrar no shopping (no caso, o VillaLobos), o que é sempre chato. O que atenua um pouco é uma lateral com vista para a área externa. E, claro, a comida ter seu interesse.
É uma casa de carnes na contramão dos rodízios, aposta do tipo "menos é mais". Poucos cortes são oferecidos.
Há o atrevimento de eliminar o filé-mignon, realmente desnecessário no churrasco, e a picanha, que tampouco me faz falta (mas é uma contribuição brasileira que talvez não mereça o ostracismo).
A casa do grupo Ráscal é dirigida pelos herdeiros de Roberto Bielawski (que tem outro filho no comando do Tuju) e de seu sócio Angel Testa: Luisa Bielawski, 37, atuante desde quando a rede Viena era da família; e o engenheiro Rodrigo Testa, 26.
Os cortes bovinos são apenas sete, majoritariamente em estilo argentino --como assado de tira (costela cortada transversalmente, com os ossos), bifes ancho e de chorizo, e o diafragma (corte saboroso que lembra fraldinha --na França é o onglet, usado como steak nos bistrôs, e na Argentina chama-se entraña; aqui é o bife Cortés, apresentado como "corte suculento do vacio do dianteiro").
Não falta também a moda das carnes ultramarmorizadas tipo kobe beef, aqui, um bife de chorizo; e um vistoso corte de estilo americano, o prime rib com osso.
A carne de boa qualidade ainda é falha na entrega: num dia, o fino corte de diafragma passou do ponto; em outro, foi a vez do bombom de alcatra, que havia sido pedido malpassado (o bife ancho escapou da sanha excessiva do fogo) --e vi mesas pedindo para passar mais a carne...
Chama a atenção a oferta apetitosa de guarnições (assinadas por Daniela França Pinto, ex-Lola Bistrô). Bem, a empanada não pode chegar tão fria; e couve e espinafre salteados talvez mereçam um aviso para a explosão do alho.
Mas há destaques como a linguiça chistorra (espanhola, com páprica); o feijão vermelho com arroz; a farofa de ovo; a batata bandoneón (fatiada, de cocção dupla e molho pesto). E também para sobremesas como o tabletón mendocino (biscoito com doce de leite argentino) e os doces da fazenda (goiaba, abóbora, banana) sem açúcar.