A nova meca
Eataly, rede italiana que reúne restaurantes e mercado, abre primeira unidade na América Latina; os três andares na Vila Nova Conceição, em SP, têm 7.000 produtos e oito restaurantes
Imagine um espaço com mais de 4.000 metros quadrados, cheio de ingredientes. O único exemplar congelado, entre os 7.000 produtos, é um atum japonês, que já sai armazenado assim do navio.
Essa imagem traduz bem o conceito que sustenta o novo Eataly, rede italiana que abrirá sua primeira unidade na América Latina, em São Paulo, na próxima terça (19).
A matriz italiana serve de espelho para as demais lojas --29 em outros cinco países. Trata-se de um complexo de restaurantes e mercado com ingredientes essencialmente frescos e locais.
Garrafas de azeite, de aceto balsâmico e de vinho ocupam as estantes. Mais molhos, geleias, massas. Embutidos, queijos, frutas e até tonéis de inox para a cerveja também estão à mostra.
Na loja paulistana, são mais de 700 itens trazidos com exclusividade da Itália --os valores ainda não foram divulgados, mas os consumidores devem se preparar para preços altos considerando a amostra de produtos importados e nobres.
A seleção é feita com apoio do Slow Food, movimento que defende o alimento sustentável. "Eles conhecem toda a Itália e isso não tem preço", disse Bernardo Ouro Preto, sócio do Eataly aqui.
Já os fornecedores nacionais foram selecionados por uma equipe que viajou o país em busca de méis, cachaças e queijos. Também estão ali produtos que já abasteciam os mercados do Grupo St Marche, responsável por trazer a rede para o Brasil.
A maioria das embalagens, no entanto, fala italiano --e viaja muitos quilômetros. "Os alimentos frescos têm que ser locais. Essa é a luta do Slow Food. Agora, um [vinho] barolo só pode ser feito na Itália. Da mesma forma, gostaria que o Eataly italiano tivesse um doce de umbu", disse à Folha Carlo Petrini, fundador do movimento italiano.
COMER, BEBER
O espaço terá sete restaurantes temáticos: quando a especialidade for peixe, estará ao lado da peixaria, quando for carne, do açougue etc.
Eles dividem atenção com um projeto especial, o bar Brace (brasa, em italiano), cujo gasto médio por pessoa será de R$ 85, sem bebida. Ali, o elemento principal é o fogo --até o tomate do molho passa pela brasa, sob o comando da chef Lígia Karasawa, (ex-Clos de Tapas).
"Nos restaurantes, tudo é feito a seis mãos. Nossas, dos italianos e dos americanos. Mario [Batali, sócio] diz como é melhor fazer", diz Victor Leal, outro gestor do Eataly.
"Ainda tenho que encontrar um bom tomate. Por enquanto, estamos trazendo da Itália", conta o badalado chef americano. "Aqui teremos a cozinha 'são paulese', usando ingredientes locais com o modo de preparo italiano. Não será difícil encontrar a nossa própria voz."