'Meu filho não era um viciado', diz pai de estudante morto na USP
Laudo do IML afirma que jovem morreu afogado após ter usado droga em festa no campus
'Houve negligência de quem forneceu a droga, de quem alugou o espaço e dos amigos', diz mãe de Victor Hugo
José e Wilma Marques dos Santos, pais do estudante Victor Hugo Marques dos Santos, 20, encontrado morto na água da raia olímpica da USP em setembro, após ir a uma festa no campus, disseram nesta sexta-feira (17) que o jovem não era viciado em drogas e que esperam encontrar os responsáveis pela morte.
"Meu filho nunca foi usuário contumaz de droga. Vamos considerar que ele tenha usado [droga naquela noite]. Meu filho não era um viciado", afirmou o pai do jovem.
Foi o primeiro pronunciamento da família após a divulgação, na quarta (15), do laudo do IML que concluiu que a causa da morte de Victor Hugo foi afogamento, ocorrido após ele consumir a droga sintética 25B-NBOMe.
A substância, recente no país, é similar ao LSD e também provoca alucinações.
"Se meu filho pulou a grade [da raia] e se atirou lá dentro, se for verdade, e eles [policiais] me convencerem disso, eu vou acreditar no que me disserem. Se meu filho foi atirado lá dentro, eu quero saber quem atirou meu filho lá dentro", disse o pai.
"Se ele usou droga e ficou alucinado, tinha que ter seguranças ali, alguém cuidando. Houve negligência de quem forneceu a droga, de quem alugou o espaço, de quem vende aquela bebida com nome de Amnésia, e de quem estava do lado dele, quem se diz amigo", disse a mãe do rapaz, emocionada.
O advogado da família, Ademar Gomes, afirmou que vai contestar o laudo do IML.
"A droga eu não vou contestar, mas o afogamento sim, porque ele sabia nadar", disse Gomes. O advogado disse também "estranhar" que a perícia não tenha achado álcool no sangue, o que contraria os relatos dos amigos.