Grupo invade sítio e leva chinchilas que iriam virar bolsas
Frente da Libertação Animal assumiu na internet ter tirado cerca de cem animais de criadouro na Grande SP
Projeto de lei aprovado na Assembleia e em análise pelo governo veta criação de animais para uso da pele
Um grupo de ativistas dos direitos dos animais invadiu um criadouro de chinchilas e levou cerca de cem animais cujo destino era virar pele para roupas e acessórios.
O incidente aconteceu na noite do último domingo (19) em um sítio de Itapecerica da Serra (Grande São Paulo).
Um dos donos do empreendimento é Carlos Peres, 70, presidente da Achila (Associação Brasileira dos Criadores de Chinchila Lanígera). A entidade congrega 600 criadores e um plantel de 50 mil animais em São Paulo.
A chinchila, um pequeno roedor de origem andina, é uma das poucas espécies das quais só o pelo é aproveitado.
Em setembro, a Assembleia Legislativa aprovou um projeto de lei que proíbe a criação e manutenção de animais para o uso da pele.
"Quase 30 mil chinchilas vão morrer por causa dessa lei", disse Peres à Folha há duas semanas. "Acabou para nós." Por causa do projeto, que ainda precisa ser avaliado pelo Executivo, criadores começaram a abater os animais antes de saber se seu ofício se tornará ilegal.
Peres não respondeu aos pedidos de entrevista após o incidente, mas funcionários do criadouro confirmaram que o local foi invadido e que animais foram levados.
A FLA (Frente da Libertação Animal) assumiu a autoria do ato na internet e publicou uma foto de pessoas mascaradas com chinchilas nas mãos. O grupo afirma que os mamíferos passam bem, estão em local não divulgado e devem seguir para doação.
O grupo respondeu aos pedidos de entrevista com uma carta. Segundo o texto, a FLA tomou a iniciativa por não acreditar em "petições, em PL [projeto de lei], em nada que seja relacionado ao Estado opressor, pois no mundo onde vivemos não existe justiça, e não a alcançaremos se não lutarmos com as nossas próprias mãos por ela".
"Sendo assim a ação direta é a nossa escolha, pois com ela acreditamos ao menos passar perto do termo libertação animal", continua o documento.
GOVERNO
O projeto de lei está nas mãos do governador Geraldo Alckmin (PSDB). Ele tem até o próximo dia 28 para sancioná-lo ou vetá-lo.
Procurado, o governo do Estado afirmou que não comenta projetos em avaliação.