5 mil vão a enterro de vítimas de acidente no interior de SP
Falta de sinalização na rodovia, excesso de velocidade e tacógrafo vencido podem ter contribuído para a colisão que matou 11
Cerca de 5.000 pessoas, segundo os bombeiros, participaram na manhã desta quarta (29), em Borborema (a 377 km de SP), do enterro de dez das 11 vítimas fatais do acidente com um ônibus de excursão escolar em Ibitinga (a 347 km de SP) na última segunda (27).
A professora de português Roseneide Aparecida Casetta Montera foi enterrada nesta terça-feira (28), em Itápolis (a 353 km de São Paulo).
Em Borborema, os corpos foram recebidos com aplausos no cemitério da cidade.
As cerimônias estavam previstas para acontecer ao longo do dia, mas foram antecipadas a pedido das famílias e começaram uma hora mais cedo, às 8h. Foram feitos dois enterros de cada vez. O cemitério municipal recebeu reforço de quatro coveiros. Normalmente, trabalham dois.
Parentes se queixavam e choravam. "Por que, meu Deus? Por quê?", gritava a mãe de um dos mortos. Ela teve de ser socorrida.
De terça (28) a quarta, 150 pessoas foram atendidas pelas equipes médicas no velório, que ocorreu no ginásio municipal, e 20, no cemitério, segundo a prefeitura.
CAUSAS POSSÍVEIS
Tacógrafo vencido. Ônibus supostamente acima da velocidade indicada para o local. Falta de sinalização na pista.
A combinação pode ter contribuído para provocar o acidente que matou uma diretora de escola, três professoras e sete alunos. Outras 25 pessoas ficaram feridas.
Segundo relatos, o motorista do caminhão perdeu o controle e invadiu a pista contrária. Para tentar evitar a batida, o condutor do ônibus tentou desviar. A carreta bateu na lateral do ônibus, que foi arrancada com o impacto.
O tacógrafo --equipamento que registra e armazena a velocidade de um veículo-- do caminhão envolvido no acidente estava vencido desde 27 de agosto, de acordo com certificado do Inmetro.
Segundo o delegado Carlos Alberto Oliveira, o instrumento pode ter sido danificado por um incêndio. O veículo estava carregado de óleo vegetal e pegou fogo após o choque.
Na avaliação de Oliveira, o fato pode dificultar as investigações, já que será difícil precisar a velocidade do veículo no momento do acidente.
A diretora da Jabotur, Renata Bressan, dona do coletivo, disse que o tacógrafo do ônibus das vítimas indicava 80 km/h no momento da batida.
O limite de velocidade no trecho onde ocorreu a tragédia, que está em obras, é de 60 km/h, segundo o DER (Departamento de Estradas de Rodagem). Para o órgão, a rodovia está bem sinalizada.
"Andamos pelo local e não encontramos placa [indicando o limite de velocidade]", diz Renata. O local está sem pintura de solo que indica a separação entre as pistas, o que pode induzir a acidentes.
O DER alegou que não é possível pintar sem que o asfalto do trecho seja completamente colocado, pois a sinalização atende às normas.