Domingo em SP
O dia começou como um feriado qualquer, mas acabou com um prefeito 'grafiteiro' e zumbis pelo centro da cidade
O domingo (2) em São Paulo, Dia de Finados, tinha tudo para ser como os outros --cemitérios lotados, o centro vazio e futebol na TV.
Mas o domingão paulistano acabou com cenas inusitadas: o prefeito grafitando um muro e mortos-vivos fazendo a festa pela cidade.
De bermuda xadrez e camisa polo, o prefeito Fernando Haddad (PT) participou da pintura de um mural no túnel José Roberto Melhem, que liga as avenidas Paulista, Rebouças e Doutor Arnaldo.
Ao lado da primeira-dama, Ana Estela, e de grafiteiros convocados pela prefeitura, Haddad pegou uma latinha de spray de tom avermelhado e desenhou um Pato Donald no muro. Acabou elogiado pelos artistas. Já as pessoas nas redes sociais não foram tão simpáticas com seu talento.
Enquanto isso, não muito longe dali, milhares de zumbis marchavam pelos calçadões e as avenidas do centro.
Era a"Zombie Walk", uma marcha de pessoas caracterizadas de zumbis, realizada desde 2006 em São Paulo, sempre no Dia de Finados.
A marcha começou na praça do Patriarca às 17h, passou por cartões-postais da região central e acabou no vale do Anhangabaú, às 18h50.
Com uma boneca suja de sangue a tiracolo e a cara pintada de branco, Natália Zelnick, 18, participou da marcha pela quarta vez. Para ela, foi a melhor edição. "Não vi nenhuma briga este ano, as fantasias também estão a cada ano melhores."
Gabriel Farias, 18, encomendou lentes de contato especialmente para o evento. "Eram pretas, com a íris vermelha. Pena que não chegaram a tempo", lamenta.
Segundo a PM, no início da festa havia 2.500 "zumbis", número que acabou em 4.000.
INTERVENÇÃO
O dia de grafiteiro de Haddad só começou após passear de bicicleta. O evento que repintou o túnel não constava na agenda oficial do prefeito.
Em setembro, os grafites que havia no local foram apagados sem autorização para a divulgação de um evento do curso de medicina da USP. A arte encoberta havia sido feita no final do ano passado, durante um festival promovido pela prefeitura.
Após polêmica, entraram em acordo com a prefeitura e se comprometeram a custear nova intervenção. Eles próprios pintaram os muros do túnel, de madrugada, para receber os novos grafites.