Em meio a crise na segurança, secretário do Rio fica no cargo
Ao menos 20 UPPs têm relatos de tiroteio; chefe da PM pode sair
Em meio a uma crise na segurança pública do Rio, o secretário José Mariano Beltrame anunciou, nesta segunda (3), que continuará no cargo.
Com a decisão, Beltrame pode chegar a dez anos como secretário de Segurança, fato inédito na história do Rio.
A Folha apurou que o acordo com o governador reeleito Luiz Fernando Pezão (PMDB) é que Beltrame fique até as Olimpíadas de 2016.
A decisão de ficar foi tomada após conversas, no fim de semana, entre Pezão e Beltrame, que viajaram a Piraí, cidade natal de Pezão, no interior do Estado.
O secretário pediu aumento no orçamento da pasta para manter os projetos de UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) e ampliá-los. Foi atendido. Foi cobrado a resolver problemas nas unidades e na Polícia Militar.
"Ainda temos algumas coisas para fazer. Tráfico sempre existirá. O que temos de fazer é com que os territórios sejam libertados. E é essa a nossa luta", disse Beltrame.
Atualmente há notícias de tiroteios entre traficantes e policiais em 20 das 38 UPPs instaladas no Rio.
Desde sexta (31), os moradores do Complexo do Alemão e da Penha vivem em meio a tiroteios. Há uma disputa na Mangueira, onde, na semana passada, cinco jovens apareceram assassinados dentro de um carro.
Um diagnóstico está sendo elaborado pela secretaria e será levado ao governador. A equipe de Beltrame prevê um aumento do efetivo da PM: de 43.000 para 60.000 policiais até o fim do governo Pezão.
O projeto é que as UPPs agora, neste período de expansão, sejam instaladas em comunidades menores e, consequentemente, com efetivo reduzido. Assim, será possível fazer mais unidades.
Há a expectativa de que um concurso seja aberto na PM com 6.000 vagas.
"As UPPs serão fortalecidas. Não temos a utopia de acabar com a droga, mas, sim, com os donos dos territórios", diz o governador Pezão.
Pezão e Beltrame ainda mantêm conversas com o Ministério Público sobre as bases de um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) proposto pela Promotoria.
O documento, ao qual a Folha teve acesso, solicita equipamentos para os PMs, principalmente coletes para todos eles.
A reportagem apurou que Beltrame considerou boas as propostas, mas não assinou o documento ainda porque o prazo estabelecido pelo Ministério Público foi considerado curto.
Outro problema na área de segurança está na PM. Duas operações recentes resultaram na prisão de dois coronéis, em cargos de comando.
A possibilidade de tirar do cargo o atual comandante, o coronel Luís Castro, está sendo discutida.
A definição só deve acontecer, em dezembro, após ele retornar de uma licença que irá tirar nos próximos dias.