Órgão federal cobra dados sobre uso do 2º volume morto
O uso do volume morto do sistema Cantareira voltou a gerar discórdia entre os governos federal e paulista.
A agência federal que regula os recursos hídricos (ANA) divulgou nota nesta terça (4) na qual cobra que o departamento de águas estadual (Daee) envie parecer sobre o ritmo de uso da segunda cota do volume morto --água que fica abaixo do nível de captação das represas.
A ANA concordou com a utilização do manancial no mês passado, mas recomendou que os 106 bilhões de litros disponíveis fossem usados de forma parcelada.
No ofício enviado ao Daee, o presidente da agência federal, Vicente Andreu, manifesta preocupação com "o agravamento da situação [do manancial] nos últimos dias".
Questionado sobre o assunto, o governo estadual afirmou que encaminhou à ANA documento sobre o uso do volume morto. Não quis, porém, informar o conteúdo da proposta de parcelamento.
A Sabesp já cogitou a captação de uma terceira cota do volume morto, num total de 162 bilhões de litros.
O uso do volume morto já causou até insultos. Na semana das eleições, o presidente da ANA, Vicente Andreu, afirmou que se a segunda cota acabasse o governo iria tirar água do "lodo". Foi chamado de "vagabundo" pelo deputado federal José Aníbal (PSDB-SP) numa rede social.
A estiagem também foi tema das campanhas à reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT) e do governador Geraldo Alckmin (PSDB).
Nesta terça, a entidade de direito do consumidor Proteste começou a coletar amostras de água para análise. Ela quer saber se foi mantida a qualidade com o uso do segundo volume morto.
CPI
Na Câmara Municipal, autoridades dos órgãos estadual e federal podem se encontrar nesta quarta (5) na CPI criada para acompanhar crise.
A comissão intimou o superintendente do Daee, Alceu Segamarchi Jr., que havia recusado um convite. Também convidou o presidente da ANA e o superintendente da Sabesp, Marcello Xavier Veiga.
Entre os assuntos a serem abordados está uma suposta "orientação superior" que teria impedido alertas à população sobre a necessidade de economizar água. A frase foi dita pela presidente da Sabesp, Dilma Pena, em áudio vazado no mês passado.