Guiomar Arruda Camargo (1917-2014)
Professora que gostava de cartas
Pouco antes de completar 97 anos, Dadá, como Guiomar Arruda Camargo era chamada desde criança, ainda lembrava a ordem correta de nascimento de seus 12 irmãos.
Lapsos de memória da quinta filha não a impediam de recordar histórias da sua juventude na Vila Mariana.
Foi na "casa das moças bonitas", como era conhecida, que Maria Naddeo, italiana que chegara aos seis anos no Brasil, e Luiz Arruda Camargo viram os filhos crescer.
Das nove filhas, Dadá era a mais estudiosa. Formou-se professora como outras na família, mas foi adiante no magistério público, onde chegou a inspetora de ensino.
Como as irmãs, gostava dos encontros familiares, cozinhava bem e adorava jogar baralho com elas e amigas. Criou os filhos praticamente sozinha por alguns anos.
Infeliz com o primeiro marido, com quem teve três filhos, Dadá conheceu seu segundo companheiro em uma festa de casamento.
Foi amor à primeira vista. A beleza de Dadá lembrava a de Grace de Mônaco e encantou Francisco Toledo Piza Pimentel. Em seguida, separou-se, foram viver juntos "e muito unidos", dizia Dadá.
Aos 21 anos de idade, o segundo filho, Hélio, morreu de câncer --perda devastadora jamais esquecida pela mãe. Outras viriam: o marido, em 1990, e o declínio da visão, que a impedia de ler.
Um grande companheiro foi Fábio, que morava com a avó. Há alguns anos, os papéis inverteram-se e foi ela quem encontrou refúgio no carinho e nos cuidados do neto. Foi assim no domingo (2), quando se despediram. Uma infecção levou a última dos 13 filhos. Deixa dois filhos, noras, seis netos e sobrinhos.