Sem-teto invade prédio destinado a sem-teto
Grupo ligado ao MSTS tomou edifício do Minha Casa, Minha Vida que seria entregue a movimento por moradia
Entidade que receberá os apartamentos critica ocupação e diz esperar que invasores não depredem o imóvel
Um grupo de sem-teto ligado ao MSTS (Movimento Sem-Teto de São Paulo) invadiu na madrugada do último domingo (16) um prédio no centro de São Paulo destinado a famílias cadastradas no programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, do governo federal.
As famílias beneficiárias são integrantes de outro movimento popular por moradia, a Unificação das Lutas de Cortiços e Moradia (ULCM), e possuem renda mensal de até R$ 1,6 mil.
O MSTS, ao contrário da ULCM, não está habilitado pelo governo federal para participar do Minha Casa.
O prédio de 72 apartamentos, localizado na rua Conselheiro Crispiniano, próximo ao Theatro Municipal, pertencia ao INSS e foi doado para o Minha Casa, Minha Vida.
De acordo com a Caixa Econômica Federal, o edifício seria entregue às famílias em dezembro e estava em fase final de obras. A reforma custou R$ 5,4 milhões.
Segundo os sem-teto, a invasão foi feita por ocupantes do antigo prédio do Museu do Disco, na mesma rua, inconformados com a reintegração de posse do edifício, cumprida na última quarta (19).
Na ocasião, sem-teto e policiais militares entraram em confronto e o prédio do museu foi parcialmente incendiado por parte dos invasores.
Em nota, a Caixa informou que a responsabilidade pela segurança do empreendimento é da construtora, e a seleção e indicação dos beneficiários compete à prefeitura.
O coordenador da ULCM, Sidnei Pitta, lamentou a invasão do edifício."As ocupações são uma bandeira de luta, mas tem que ocupar com responsabilidade." Ele disse esperar que os invasores não depredem o local e que apoia a reintegração de posse pedida pela Caixa Econômica.
PRESSÃO
Integrante do Departamento Jurídico do MSTS, Douglas Gomes afirma estar consciente de que a invasão "está prejudicando" o outro movimento popular, mas que "não restou outra alternativa" para o movimento.
Segundo ele, o objetivo da invasão é obrigar a gestão Fernando Haddad (PT) a atendê-los, o que não tem ocorrido até agora.
"Se a prefeitura nos atender e colocar essas pessoas na fila, vamos deixar o prédio de forma pacífica e não vamos depredar nada", disse o representante do MSTS.
Para a ULCM, "um erro não justifica o outro". "Você vai na porta da prefeitura, da secretaria de habitação, tem outros meios de fazer a sua reivindicação, não prejudicando famílias igualzinhas que estão lá", afirma Pitta.