Folha Verão
Fluxo de cruzeiros diminui em Ubatuba
Em 2011, 31 embarcações turísticas atracavam na praia de Itaguá; neste ano, píer recebe somente cinco navios
Falta de estrutura do município para receber turistas é apontada como uma das causas da queda no movimento
O município de Ubatuba, um dos principais destinos turísticos do litoral norte de São Paulo, vai receber neste verão o menor número de cruzeiros de sua história.
Em 2008, em uma espécie de teste para as temporadas seguintes, um tapete vermelho foi estendido no píer do cais da cidade para comemorar a chegada de um navio com 1.600 passageiros.
Oficialmente, Ubatuba começou a fazer parte da rota turística entre o fim de 2010 e o início de 2011, quando 31 embarcações atracaram no píer da praia de Itaguá.
De lá para cá, o número de escalas só diminuiu e, desde o fim de 2013, apenas uma empresa inclui o município em suas linhas. Este ano, a cidade recebe somente cinco navios: dois em dezembro e três em março. Cada um comporta cerca de 2.000 pessoas.
A ancoragem na alta temporada será em datas de menor movimento, para evitar que a estrutura da cidade entre em colapso. Os viajantes de cruzeiro costumam desembarcar pela manhã e voltam ao navio no fim do dia.
"No passado, quando vinham muitos navios, os turistas ficavam presos no trânsito o dia inteiro e não conseguiam nem chegar às praias", diz Potiguara do Lago, diretor da Secretaria de Turismo.
No píer, empresários do ramo de turismo dizem que eles ajudam a divulgar a cidade, mas discordam sobre o movimento na alta temporada.
Para o dono de uma empresa de passeios de lancha, Nicolas Tsietsoglou, "não há falta de estrutura" em Ubatuba. "Cidades bem menos estruturadas recebem muito mais cruzeiros que a gente. O que falta é comunicar melhor nossas atrações", diz, citando o exemplo da vizinha Ilhabela, que recebe cerca de 150 embarcações a cada verão.
Para Pedro Paulo Nobre, capitão de um barco de passageiros, os cruzeiros deveriam atracar apenas na baixa temporada, já que prejudicam embarcações menores.
"Para a gente não é interessante que haja navios no pico. Meu barco já está bastante cheio em alta temporada."
Para o dono de um restaurante que não quis se identificar, se o navio não for transatlântico, o movimento não cresce. "Esses navios pinga-pinga', com muitos brasileiros, não gastam nada", diz.
A Secretaria de Turismo estima que cada passageiro de navio deixe entre R$ 50 e R$ 100 na cidade.
Na tentativa de voltar a atrair embarcações, a prefeitura se reuniu com a associação das empresas de cruzeiro no início do mês e apresentou plano de transferência do píer para outra praia, com mais estrutura para turistas.
A expectativa da administração é que Ubatuba receba 50 navios no próximo verão.
Contatada pela reportagem, a Abremar (Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos) não se manifestou até o fechamento desta edição.