2 anos de Haddad - Mobilidade
Faixa de ônibus avança, mas corredores derrapam em SP
Medidas da prefeitura não mexeram na velocidade do transporte público
Para especialista, foco do município deveria estar na ampliação do metrô; gestão Haddad alega falta de recursos
O prefeito Fernando Haddad (PT) chega à metade de seu mandato tendo superado parte das metas para melhorar da mobilidade, mas ainda sem conseguir um salto de qualidade em sua maior prioridade: o transporte público.
Até agora, as medidas implantadas não foram suficientes para um salto na velocidade dos ônibus nem resultaram em avanço na quantidade de pessoas que optam pelo transporte público.
O número de passageiros segue estável, e a velocidade média geral nos corredores está em 14 km/h --o objetivo da gestão é chegar a 25 km/h.
Das 12 metas de transporte prometidas por Haddad até 2016, duas já foram entregues: a de criação de 150 km de faixas de ônibus e a implantação do Bilhete Único Mensal, Diário e Semanal.
Três metas têm ritmo para serem completadas em 2015: reforma dos semáforos, implantação de 400 km de ciclovias e criação de rede noturna de linhas de ônibus.
As faixas amenizaram problemas e são elogiadas pelos usuários, mas o governo municipal ainda patina para tirar do papel intervenções mais caras e complexas como obras viárias e os 150 km de corredores exclusivos de ônibus.
Os corredores são obras estruturais de impacto menor apenas que sistemas sobre trilhos. Aumentam a velocidade do sistema e têm grande capacidade de transporte.
Segundo o balanço oficial, apenas 36 km de corredores estão em obras, a maior parte de licitações feitas na gestão Gilberto Kassab (PSD).
Uma concorrência de 135 km de corredores, lançada por Haddad ao custo de R$ 4,7 bilhões, foi barrada no TCM (Tribunal de Contas do Município) porque não apontava a fonte de recursos.
Com as finanças prejudicadas por liminar que suspendeu o aumento do IPTU em 2014, Haddad teve de pedir ajuda federal para obter recursos e só conseguiu relançar a licitação após um ano.
Agora o prefeito terá que correr contra o tempo e corre risco de não conseguir entregar a meta a tempo.
Obras desse porte, segundo estimativa da própria administração municipal, levam dois anos e meio para ficarem prontas se não houver nenhum imprevisto.
TRÂNSITO
A prioridade ao transporte coletivo é elogiada por passageiros, mas a diminuição do espaço para automóveis gerou mais congestionamentos.
"O modal carro transporta tanta gente quanto o ônibus e piorou 20%, segundo dados do Maplink. E o modal ônibus não melhorou", afirma o consultor Sergio Ejzenberg.
O especialista diz que a prefeitura erra ao não investir no metrô. Mesmo sendo de responsabilidade do Estado, que tem atrasado as obras, trata-se do meio mais eficaz e que não para de ganhar usuários, completa Ejzenberg.
CICLOVIAS
Neste ano, Haddad decidiu ampliar a própria meta e implantou 141 km de ciclovias, surpreendendo até os cicloativistas. Aprovadas por ampla maioria da população, segundo pesquisa Datafolha, a medida refletiu positivamente na popularidade do prefeito.
Apesar disso, gerou revolta entre associações de bairro e comerciantes devido à projeção de que a cidade perca 40 mil vagas de estacionamento nesse processo.