Superbactéria é encontrada em praias do Rio de Janeiro
Risco é para quem tem sistema imunológico debilitado, diz pesquisadora; em um dos pontos está raia da Olimpíada
O Instituto Estadual do Ambiente (Inea) confirmou nesta terça-feira (16) a presença de uma bactéria resistente a antibióticos, identificada como KPC, nas praias do Flamengo e de Botafogo, na zona sul do Rio.
A contaminação pode resultar em infecções na corrente sanguínea e no sistema urinário e em pneumonia. Por sua resistência a antibióticos, a KPC passou a ser chamada de superbactéria.
Dentro do perímetro analisado pelo Inea está uma das raias escolhidas para as provas de vela dos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016.
Tanto para banhistas quanto para velejadores que treinam no trecho próximo à praia do Flamengo, a recomendação do Inea é a mesma: não entrar na água se estiver classificada como imprópria.
A Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) já havia divulgado no início da semana a presença da bactéria nas águas do rio Carioca, que cruza diversos bairros da zona sul e deságua na praia do Flamengo.
Pesquisadores da instituição localizaram a KPC em três pontos: no largo do Boticário, no Cosme Velho; no Aterro do Flamengo (antes da estação de tratamento do rio Carioca); e também na praia do Flamengo.
De acordo com Renata Picão, microbiologista da UFRJ, a KPC foi detectada dentro de hospitais e começou a ser conhecida em estudos internacionais publicados a partir de 2010.
Ela minimiza, no entanto, o potencial da bactéria fora do ambiente hospitalar.
"Esta não é uma bactéria agressiva ou, usando um termo técnico, uma bactéria virulenta. A KPC pode causar infecções somente em pessoas com sistema imunológico debilitado. Por isso, os casos de infecção já registrados ocorrem sempre dentro de hospitais."
"Não podemos tratar com alarmismo esta situação. Mas é preciso seguir as orientações de balneabilidade divulgadas pelo Inea", disse Isaura Fraga, presidente do Inea.
Em 2014, a praia do Flamengo esteve imprópria para banhos em 70% das medições realizadas.