Alcimar Francisco do Casal (1932-2014)
Seu Zizi foi homem de histórias
Alcimar Francisco do Casal conseguia contar com detalhes grande parte das histórias que viveu em suas andanças pelo Norte do país e até na Bolívia. Desde que não lhe perguntassem as datas.
A memória de seu Zizi, como o chamavam desde novo, não era das melhores quando se tratava de recordar o dia ou o mês de determinado acontecimento. "Até [a data] do meu casamento eu pergunto pra minha mulher", contou ele ao Museu da Pessoa.
Os causos que marcaram sua vida normalmente envolviam algum dos comércios que teve, fosse no seringal, no garimpo ou na cidade.
Na década de 1950, chegou a Rondônia, onde se estabeleceria "meio sem querer". O Estado era apenas um ponto de passagem na sua viagem entre a Bolívia e a terra natal, Amazonas. Por falta de transporte, porém, precisou ficar por lá durante uns 15 dias --e não mais saiu.
Após alguns negócios no interior, comprou um ponto no antigo Mercado Central de Porto Velho --o shopping center da época, dizia--, destruído por um incêndio em 1966.
Daquela geração de comerciantes, foi o único que se mudou para o prédio erguido depois e que hoje abriga o chamado Mercado Cultural da capital rondonense.
Conheceu a mulher, Raimunda, ainda na Bolívia, quando ela foi com a família morar no seringal que Zizi e um dos irmãos compraram por lá. Para se casarem, no entanto, cruzaram a fronteira.
Morreu na terça-feira (16), de infarto, aos 82 anos. Deixa Raimunda, depois de quase 52 anos de casamento, seis filhos --duas já são falecidas--, netos e bisneto.
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