Copenhague terá rede de estradas só para bikes
Com 467 km, superciclovias irão interligar 22 cidades e terão até bomba para pneus
'Não é porque amamos bicicletas, mas porque é uma forma eficiente de mobilidade', diz secretário municipal
Um símbolo para quem gosta de pedalar, Copenhague, capital da Dinamarca, tem uma meta ambiciosa: construir 467 km de estradas só para bicicletas, ligando a cidade a 21 municípios.
O projeto "Cycle Superhighways" é uma das prioridades da cidade neste ano. O objetivo é estimular a pedalada de quem viaja até a capital ou entre áreas vizinhas.
Bicicletas são usadas em 60% dos percursos menores que 5 km de quem trabalha ou estuda em Copenhague.
A média cai para 41% quando também se leva em conta o percurso até 20 km --isso porque apenas 20% dos que fazem viagens longas usam bicicleta.
Pesquisas apontaram que as pessoas estão dispostas a adotá-la como meio de transporte para distâncias maiores desde que se sintam seguras.
Com as "superciclovias", espera-se, no curto prazo, a adesão de mais 52 mil pessoas, atingindo meta de 50% de uso de bicicleta seja qual for o tamanho do percurso.
"Fizemos estradas e pontes por anos e anos para os carros, por que não construir especialmente para bicicletas?", diz Klaus Bondam, presidente de uma federação de ciclistas amadores da Dinamarca e ex-secretário de meio ambiente da capital.
O custo do projeto das "superciclovias" é estimado em R$ 380 milhões, divididos proporcionalmente entre as cidades envolvidas.
Segundo as autoridades, em 50 anos, haverá uma economia de R$ 3,2 bilhões com a redução do uso de outros tipos de transporte.
"Se você quer oferecer mobilidade, tem de transferir o tráfego dos carros para bicicletas. Não é porque amamos bicicletas, mas porque é uma forma eficiente de mobilidade", diz Andreas Rohl, chefe do departamento de mobilidade de Copenhague.
O plano é ter 28 rotas em dez anos. Duas já estão funcionando: uma de 21,7 km, a partir da cidade de Fureso, e outra saindo de Alberslund, com 17,5 km. Outras nove devem ficar prontas até 2018.
A Folha visitou alguns trechos. As "superciclovias" ganharam o logotipo "C", tratamento dispensado a metrô ("M") e trem ("S").
É uma forma de criar um símbolo de identificação que nivela às estradas de bicicleta ao status de transporte público --a de Fureso, por exemplo, leva o nome de C95.
O percurso é iluminado, sinalizado com placas e disponibiliza bombas no meio do caminho para encher pneus.
Parte é paralela à rodovia dos veículos, mas parte tem rota própria. Há pontos próximos a estações de trem e metrô, para quem quiser mudar o meio de transporte.
Copenhague tem 400 km de ciclovias para 600 mil habitantes (sem somar a zona metropolitana). E São Paulo, são cerca de 200 km para quase 12 milhões de moradores.
Para usar o título --não oficial-- de "melhor cidade do mundo para bicicletas", no entanto, a capital dinamarquesa precisa ainda superar um obstáculo: a falta de espaço para estacioná-las. As bicicletas fazem parte do cenário pela tradição --e pela falta de lugar para deixá-las.