Falta de luz persiste por mais de 60 horas em SP após tempestade
Sem energia havia 64 horas, aposentada de 84 anos circulava em casa com lanternas e velas
Moradores temiam passar Ano-Novo no escuro nas zona oeste e sul; casos são pontuais, afirma Eletropaulo
Aos 84 anos, a aposentada Rafaela Laurenti tem passado as noites circulando pela casa com lanternas e velas.
Na tarde desta quarta (31), já eram ao menos 64 horas sem energia na rua onde ela mora, a Doutor Andrade Pertence, na Vila Olímpia (zona oeste), por causa da tempestade que atingiu São Paulo na noite de domingo (28).
"Moro sozinha e minha família tem medo de que eu caia no escuro. Mas vou sair daqui e deixar a casa para os ladrões?", diz Rafaela.
Nas zonas sul e oeste, as mais afetadas, moradores de diversos pontos temiam passar o Réveillon no escuro.
Segundo a Eletropaulo, 500 mil pessoas chegaram a ficar sem luz, número que caiu para 200 mil na terça. A empresa não divulgou um número nesta quarta.
Sem luz desde as 23h de domingo, o aposentado Antônio Freitas, 71, que mora em Moema (zona sul), diz temer perder tudo que tem na geladeira para a ceia.
Na Saúde (zona sul), a situação é parecida para o produtor de vídeo Felipe Vazquez, 37, que mora com a mulher e dois filhos na rua Bagé. "Estou sem luz, sem telefone e sem internet. Praticamente numa caverna."
No prédio onde trabalha o zelador Edson Lima, 61, outro problema é a água, que a bomba já não consegue levar aos apartamentos. "Teve morador que mandou visita para hotel. Muita gente foi para a casa de parentes", diz.
O tecnólogo Marcos Kenji passa pelo mesmo problema em seu apartamento no quinto andar, num prédio de dez pisos. "Agora temos também que economizar a água. Estamos guardando os alimentos em caixas de isopor com gelo."
Ele já mandou dez mensagens e fez cinco ligações para a Eletropaulo. "Cada hora eles dão uma previsão."
A Eletropaulo informou que a maior parte dos casos já havia sido solucionada e que não havia mais nenhuma grande área sem energia, como quarteirões e bairros.
De acordo com a empresa, restavam nesta quarta apenas casos pontuais, que em sua maioria dependiam da troca de equipamentos da rede elétrica, como fios.
Segundo a Eletropaulo, 2.000 eletricistas trabalham para restabelecer o fornecimento de energia, prejudicado, na maior parte dos casos, por queda de árvores.