Aprendizado não deve ser imposto, diz especialista
Ensino em escola, porém, pode ampliar interesse
Para a doutora em psicologia escolar Elizabete Flory, o resgate de um idioma ajuda a recuperar raízes e a identidade das comunidades, mas o envolvimento dos mais jovens não deve ser forçado.
A presença de outro idioma nas escolas é uma saída, pois evita que a língua fique restrita ao ambiente familiar e faz crescer as chances de a criança continuar praticando o dialeto por toda a vida.
"Recuperar a língua e fazer voltar a ser algo com valor de comunicação é um desafio para a comunidade. Se for colocado como algo imposto, que as crianças não sintam uma ligação, é mais complicado para fazer vingar."
O professor de letras Cléo Altenhofen, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, diz que é preciso "agilidade" nas medidas para evitar que os idiomas se percam. "Não adianta esperar cinco ou dez anos porque já podem ter morrido os últimos falantes."
A universidade mantém um projeto de mapeamento do dialeto hunsrik pelo Sul e países vizinhos. Ele afirma que as iniciativas de resgate dos idiomas podem fortalecer o turismo nesses locais.
"Essas línguas possuem uma riqueza que não dá para se ter ideia. São línguas que, se não tivesse havido o processo de migração, não existiriam", afirma a professora de ciências sociais Maria Catarina Zanini.