Indonésia retarda em um dia execução de condenado brasileiro
Marco Archer Moreira, 53, preso por tráfico, deve ser fuzilado no domingo, pelo fuso horário indonésio
Governo Dilma não tem esperança de reverter a situação; em nota, Anistia Internacional repudiou pena de morte
A Indonésia anunciou nesta quinta-feira (15) nova data para execução do brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira, 53. Será no domingo (18), e não mais no sábado (17), como o governo local informara anteriormente.
O horário da execução não foi divulgado --Jacarta está nove horas adiantada em relação ao fuso de Brasília.
Embora a razão da mudança não tenha sido divulgada pelo governo indonésio, o advogado de defesa de Marco, Utomo Karim, afirmou ter sido apenas para assegurar tempo suficiente para os condenados se prepararem e receberem familiares.
Será a primeira vez na história que um brasileiro é executado por um governo estrangeiro. Marco foi preso em 2003 ao tentar entrar no aeroporto da capital, Jacarta, com 13,4 kg de cocaína. A condenação foi em 2004.
O brasileiro foi isolado dos demais presos e removido do presídio de Pasir Putih. A Procuradoria-Geral disse que todos os preparativos já estão acertados para a execução.
Ela ocorre por um pelotão de fuzilamento. Um médico e um religioso podem acompanhar as execuções.
DILMA
O governo brasileiro não tem muita esperança de reverter a situação de Marco.
Até o início de noite desta quinta, o presidente indonésio Joko Widodo não havia retornado o pedido de ligação da presidente Dilma Rousseff, feito na sexta (9). Dilma queria pedir clemência para Marco, como último recurso.
O fato de Widodo não ter nem sequer atendido à presidente causa ruído nas relações entre os dois países.
O governo brasileiro esperava ao menos "cortesia", dado que os dois países fazem parte do G20, grupo das principais economias do mundo, e têm um intercâmbio comercial de US$ 4 bilhões.
Além de Marco, outro brasileiro, Rodrigo Gularte, também espera no corredor da morte indonésio.
O ex-presidente Susilo Bambang Yudhoyono comutou a pena de quatro condenados à morte por tráfico de drogas. Mas o governo brasileiro não espera decisão semelhante do atual presidente.
"Vou rejeitar todos os pedidos de clemência apresentados pelos 64 condenados à morte por tráfico de drogas", disse Widodo em dezembro. Segundo ele, essas 64 execuções são "necessárias" porque a Indonésia está em um "estado de emergência por causa das drogas".
Em nota, a Anistia Internacional afirma ser contra a pena de morte e diz que vai pressionar o governo indonésio a não levar adiante a execução.
"A pena de morte é inaceitável em qualquer circunstância e mais chocante quando aplicada a alguém que não cometeu crime violento", disse Atila Roque, diretor-executivo da entidade no Brasil.