Parentes e amigos pedem justiça em enterro de surfista
Baleado por um policial militar, atleta catarinense foi sepultado nesta quarta (21) em forte clima de comoção; córneas foram doadas
O corpo do surfista Ricardo dos Santos, 24, morto a tiros por um policial militar, foi enterrado no início da tarde desta quarta-feira (21) em Paulo Lopes (a 52 km de Florianópolis) sob forte clima de comoção e indignação.
O sepultamento foi acompanhado por colegas da elite do surfe mundial, como Alejo Muniz e Adriano de Souza, o Mineirinho. A cerimônia terminou com uma salva de palmas de mais de cinco minutos e coro por justiça.
"O surfe brasileiro está de luto. Ele era um cara cheio de vida. Enfrentou ondas gigantes pelo mundo afora e foi morrer de uma forma tão brutal", disse a surfista catarinense Jacqueline Silva, que esteve no funeral.
Ricardinho levou três tiros na frente da casa da família, em Palhoça (SC), após uma discussão com o PM Luís Paulo Mota Brentano, 25.
O policial está detido em um quartel em Joinville (a 170 km de Florianópolis) e será indiciado sob suspeita de homicídio doloso qualificado.
A família doou as córneas do atleta para Secretaria Estadual da Saúde, que informou que o material já foi recolhido e está à disposição de receptores. Segundo a pasta, outros órgãos não puderam ser doados porque o surfista sofreu hemorragia interna.
Os parentes haviam cogitado cremar o corpo de Ricardinho e jogar as cinzas na praia da Guarda do Embaú, onde ele vivia. A ideia não foi levada adiante porque o procedimento legal seria demorado.