Queda em cachoeira de 130 m após ataque de abelhas mata dois no RS
Grupo praticava rapel; desesperados, 2 homens tentaram descer rapidamente e caíram
Outros três ficaram feridos, com fraturas, entre eles um médico de 73 anos; acidente ocorreu em mata
Um enxame de abelhas atacou um grupo que fazia rapel em uma cachoeira de quase 130 metros de altura, em uma região de mata fechada no Rio Grande do Sul.
Desesperados, dois dos sete praticantes de rapel tentaram descer rapidamente e acabaram morrendo. Outros três homens, entre eles um cardiologista de 73 anos, ficaram feridos, com fraturas, além de várias picadas.
O acidente ocorreu na tarde de sábado (24), mas os bombeiros só foram acionados na manhã de domingo, após dois homens andarem por mais de 12 horas até chegarem à zona rural da cidade de Maquiné. Eles tinham ferimentos leves.
Com a ajuda de helicópteros, os bombeiros resgataram os feridos, mas, por causa do difícil acesso, os corpos de Ronei Pinto e Jean Carlos Lopes só deverão ser retirados do local nesta segunda-feira.
CORDAS CORTADAS
"As abelhas surgiram de repente, em um enxame enorme de dentro da mata, e acabou induzindo-os a começar a descer o penhasco. Eles estavam se preparando para a descida, foram atacados e isso desarranjou tudo", afirma Gomercindo Daniel Filho, que integra o grupo de aventureiros. Ele acompanhou o resgate dos amigos, mas não participou da expedição deste fim de semana.
Além de Ronei e Jean Carlos, o cardiologista Roberto Schuster, de 73 anos, que liderava o grupo de aventureiros, também caiu enquanto tentava descer, mas de uma altura menor. Ele fraturou a perna e o quadril.
"Eles ficaram desnorteados com o enxame e cada um começou a fazer uma coisa por si, sem organização. Um deles cortou a corda [enquanto estava içado] e caiu", explica Daniel Filho.
EXPERIENTES
O cardiologista Schuster pratica canyoning (exploração de rios e cachoeiras por rapel e outras técnicas) há mais de dez anos e organizava expedições pelo interior gaúcho e catarinense.
Ele vive em São Jerônimo, na Grande Porto Alegre.
O médico batizou seu grupo de "Schuster Adventures" e conhecia pela internet entusiastas de esportes radicais que o acompanhavam nas trilhas. Por uma rede social, a trilha tinha sido marcada com saída no sábado às 7h30 em um distrito a 20 km do centro de Maquiné.
O advogado Daniel Filho afirma que Schuster faz todo o planejamento das trilhas e pratica o esporte sempre que consegue companheiros para as travessias.
"Ele tem vários cursos na área. É um aficionado", diz.
Segundo Daniel Filho, os dois homens que morreram eram novos no grupo de Schuster, mas tinham experiência com esportes radicais.
Há cinco anos, o grupo se envolveu em outro incidente na mesma cascata onde ocorreu o ataque de abelhas.
Uma falha técnica num rapel atrasou a expedição, e Daniel Filho e um colega ficaram duas noites perdidos na mata. Ninguém se feriu.
Maquiné, próximo ao litoral norte do Estado, é conhecido pelas trilhas, cachoeiras e áreas montanhosas de Mata Atlântica.