Manifestantes e PMs entram em confronto no metrô
Conflito aconteceu na estação Faria Lima, após o término da passeata
Policiais lançaram bombas de gás, que provocaram pânico nos passageiros que chegavam ao local
Policiais militares e manifestantes que participaram do 5º ato do MPL (Movimento Passe Livre) contra o reajuste das tarifas de transporte entraram em confronto na noite desta terça (27) dentro da estação Faria Lima do metrô, na zona oeste de São Paulo.
Os policiais lançaram bombas de gás lacrimogêneo contra um grupo de cerca de 50 manifestantes que tentava pular as catracas, provocando pânico entre passageiros que não participavam do ato.
Houve correria e pessoas passaram mal com o gás, inclusive funcionários do metrô e policiais militares --um deles precisou ser socorrido por colegas.
A estação ficou fechada por quase uma hora.
A confusão começou minutos após o ato terminar, no largo da Batata --onde fica a estação--, local de onde haviam partido os manifestantes horas antes.
A manifestação reuniu cerca de mil pessoas, segundo a PM --o MPL fala em 10 mil.
A maioria dos participantes foi embora de metrô.
Um grupo permaneceu na região das catracas, pressionando funcionários para que liberassem a entrada, sem pagamento. Chegaram a impedir que passageiros embarcassem na plataforma.
Ao serem barrados pelos seguranças da linha 4-amarela, os ativistas começaram a xingar policiais e funcionários de fascistas, até que o responsável pela estação pediu a intervenção da PM.
Os policiais do Batalhão de Choque avançaram em direção aos ativistas. A Folha presenciou o momento em que uma pedra lançada por manifestantes atingiu uma sala.
Um policial então disparou uma bomba de gás lacrimogêneo, que acertou o teto e explodiu no chão. Outras duas foram lançadas.
TRENS
Usando escudos, os policiais continuavam empurrando ativistas e jornalistas para fora do local, quando começaram a chegar os trens com passageiros.
A fumaça invadiu as composições. Passageiros acharam tratar-se de um incêndio e saíram em pânico.
"A gente não sabia o que estava acontecendo. A impressão que se teve é que era fogo. Então as pessoas correram", disse a estudante Gleici Fernandes, 26, que havia embarcado na estação Fradique Coutinho.
Adenor Cruz, 36, funcionário de manutenção predial, vinha do trabalho na Liberdade (região central). "Não sei o que está acontecendo", afirmou, já fora da estação, com dificuldade para respirar.
Houve depredação na estação. Ao menos quatro vidros e uma luminária foram destruídos. Duas pessoas foram detidas pela polícia.
Segundo manifestantes, três ativistas ficaram feridos.
Questionado pela reportagem sobre as bombas, um dos comandantes da operação --com a identificação Cunha no uniforme-- disse desconhecer a origem da confusão. "Não sei, precisa perguntar para outros comandantes."
O próximo protesto do MPL está marcado para quinta (29), no vão-livre do Masp.