SP recruta policial para investigar corrupção
Agentes da prefeitura poderão fazer prisões
A CGM (Controladoria Geral do Município) vai recrutar policiais para atuar como agentes de rua, inclusive disfarçados, na investigação de casos de corrupção cometidos por servidores públicos.
A informação foi dada à Folha nesta segunda (9) pelo novo titular da CGM, Roberto Porto, na primeira entrevista após assumir o cargo que era ocupado por Mário Spinelli.
Os policiais, que, por lei, podem andar armados, também terão poder para fazer prisões em flagrante, segundo Porto. Até o momento, 11 servidores foram presos em ações da CGM, sempre em parceria com a Polícia Civil.
"Eles [os policiais] passarão a fazer um trabalho de campo, que é o que faltava. A Controladoria dependia de outros órgãos para fazer esse tipo de serviço", disse Porto.
A ideia é que eles atuem em casos de extorsões praticadas por servidores, como, por exemplo, as cometidas contra camelôs e comerciantes.
Dez pessoas devem fazer parte deste núcleo de rua da CGM --seis policiais militares já foram convidados para o serviço. Os agentes já atuaram com Porto, quando ele era um dos promotores à frente da investigação do escândalo que ficou conhecido como máfia dos fiscais, em 1998.
Na ocasião, os policiais chegaram a utilizar disfarces, como de carteiro e lixeiro, com objetivo de não chamar a atenção dos investigados.
"São pessoas que trabalharam nos mais diversos casos, seja do PCC seja de corrupção de funcionários públicos", afirmou o controlador.
Atualmente, segundo Porto, há cerca de 60 investigações em curso, a maioria delas (42) sobre enriquecimento ilícito de funcionários.
Vários desses servidores enfrentam processos que podem resultar em demissão, como o auditor fiscal José Rodrigo de Freitas, 54, investigado número 1 do órgão, que a Folha revelou ter acumulado 55 imóveis avaliados em cerca de R$ 20 milhões.
Para fiscalizar os mais de 150 mil servidores municipais, Porto conta com a aprovação, neste primeiro semestre, de lei na Câmara Municipal que permitirá a contratação de 300 auditores especializados para atuar no órgão anticorrupção criado na gestão Fernando Haddad (PT).
As investigações do órgão já esbarraram em vereadores e o projeto acabou não sendo votado no ano passado.